Os recentes ataques das Forças de Defesa de Israel (FDI) à Faixa de Gaza, que retomaram a invasão terrestre na semana passada, resultaram no deslocamento forçado de pelo menos 125 mil pessoas, de acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA). Este número alarmante surge após o fim do cessar-fogo que vigorava desde 19 de novembro, tendo sido quebrado por Israel na manhã de terça-feira
O diretor de operações da UNRWA, Sam Rose, revelou que a evacuação afetou principalmente as zonas norte e leste do território palestiniano. Israel ordenou a retirada da população de várias localidades, incluindo Khan Yunis e Beni Suheila, no sul da Faixa de Gaza, assim como as cidades de Beit Hanoun e Beit Lahia, no norte, forçando milhares a procurar abrigo em zonas próximas da costa. A evacuação também se estendeu a outras áreas costeiras entre Beit Lahia e a Cidade de Gaza.
Com a retoma das operações militares israelitas, que incluem ataques aéreos, terrestres e marítimos, a situação humanitária na Faixa de Gaza deteriorou-se ainda mais. A UNRWA, que tem estado no terreno a fornecer apoio a centenas de milhares de refugiados palestinianos, alertou que as operações militares e as ordens de evacuação têm resultado numa circulação intensa de pessoas, o que contribui para o colapso das infraestruturas já fragilizadas.
Num contexto de crescente violência, Israel procurou garantir uma “zona segura” para a população palestiniana em Mawasi, no sudoeste de Gaza, mas a área também foi alvo de ataques, o que dificultou a assistência humanitária. Além disso, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, reafirmou que as tropas israelitas continuarão a expandir as suas operações até que os reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados e a organização seja derrotada.
As autoridades locais na Faixa de Gaza, controladas pelo Hamas, relataram que mais de 634 pessoas morreram e 1.172 ficaram feridas nos últimos dias devido à intensificação dos ataques. Desde o início do conflito, mais de 1,9 milhões de habitantes – ou 90% da população – já haviam sido deslocados, e a crise humanitária continua a agravar-se à medida que os combates se intensificam.
Este novo aumento da violência surge após os ataques do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023, que resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas e na tomada de 251 reféns, desencadeando a resposta militar israelita, que até hoje já matou cerca de 50.000 pessoas, a maioria civis, segundo fontes locais.