Os dados que constam do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024 são preocupantes, sobretudo no que diz respeito à delinquência juvenil, com destaque para a predominância de casos ligados à criminalidade sexual e o agravamento dos crimes entre os jovens. Também a criminalidade violenta e grave aumentou no ano passado na maioria dos distritos, sendo mais acentuada em Santarém, Leiria e Castelo Branco, revela o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que destaca as descidas em Lisboa e Setúbal. Contudo, Montenegro garante que aumento da criminalidade grave não põe em causa segurança do país.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) referente a 2024, esta segunda-feira aprovado pelo Conselho Superior de Segurança Interna e que segue para o parlamento, dá conta que as maiores subidas da criminalidade violenta e grave registaram-se no distrito de Santarém (+ 33,3% do que em 2023), Castelo Branco (+ 30,5%), Portalegre (+ 3,4%) e Leiria (+ 28,2%).
Nos distritos do Porto e Faro também aumentou a criminalidade violenta e grave, mais 4,8% e 9,9% respetivamente.
Por sua vez, o distrito que registou a maior descida neste tipo de criminalidade foi a Guarda (-25%). O RASI salienta igualmente a descida em Setúbal (-6,3%) e em Lisboa (-1,8%), distritos que concentram a maioria da criminalidade, além do Porto.
Em relação à criminalidade geral, apenas Coimbra e Évora apresentam uma ligeira subida (+0,2% e +0,1% respetivamente), registando os restantes distritos descidas. O RASI destaca ainda a descida em Lisboa (-7,6%) e Setúbal (-5,1%).
Todavia, apesar destes dados, Luis Montenegro salienta que “temos todos os argumentos para continuar a considerar Portugal um país seguro, um dos países mais seguros da Europa e do mundo mas não podemos viver à sombra desse contexto, temos de estar muito atentos”.
O documento revela aumentos nos actos associados ao tráfico de droga, ocorrências nas escolas, violações e roubos de viaturas, com um crescimento de 2,6% da criminalidade violenta mas uma descida de 4,6% na criminalidade geral.
“Há crimes que tiveram oscilações desfavoráveis, isto é, que cresceram; outros que tiveram oscilações de diminuição, o que não significa que estejamos satisfeitos com a sua ocorrência”, explicou Luís Montenegro.
“Hoje temos fenómenos criminais muito sofisticados, altamente organizados, e muito tecnologicamente desenvolvidos. A criminalidade no espaço digital é muitíssimo sofisticada e precisa por parte do estado de instrumentos de repressão e prevenção que sejam eficientes”, detalhou.
Assegura, para tal, que vai continuar o investimento do Governo “na segurança, no policiamento de proximidade e na prevenção das condutas criminais que são geradoras do sentimento de insegurança que muitos portugueses sentem no seu dia-a-dia”.
Delinquência juvenil
Luis Montenegro considera preocupante a tendência de subida da deliquência juvenil que já vem de 2021. De facto, a delinquência juvenil mantém a tendência de subida desde 2021, registando no ano passado um aumento de 12,5% em relação a 2023, continuando também a aumentar a criminalidade grupal, que registou um acréscimo de 7,7 por cento.
Segundo o documento, no ano passado manteve-se “a predominância de casos ligados à criminalidade sexual, nomeadamente o abuso sexual de crianças cometido por ofensores menores, com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos”, além de merecer “igualmente destaque o crime de pornografia de menores com recurso a aplicações como Discord e Whatsapp, utilizadas para partilha de ficheiros de cariz sexual e pornográfico”.
O RASI destaca que, apesar de se ter verificado no ano passado “uma certa acalmia” nos crimes graves contra a vida e integridade física por jovens em contexto grupal, os crimes “são cada vez mais graves e são praticados por indivíduos cada vez mais novos, em que o valor da vida humana não tem qualquer relevância”.
“Facilmente se utiliza uma arma de fogo ou uma arma branca para agredir e estes episódios de violência ocorrem muitas vezes apenas tendo como base discussões fúteis”, refere o relatório, dando conta que a violência associada a grupos juvenis, cujos suspeitos têm entre os 15 e 25 anos, tem tido “uma considerável expressão na Área Metropolitana de Lisboa”.