O aumento do custo de vida tem superado o crescimento dos rendimentos, provocando um número crescente de famílias em dificuldades financeiras. De acordo com a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, muitas famílias têm recorrido ao crédito para conseguir pagar a renda da casa, em um cenário que contribui para um aumento significativo do endividamento
Em declarações à Lusa, Natália Nunes revelou que a situação se agrava, principalmente entre as famílias arrendatárias com contratos a termo. Quando estes contratos chegam ao fim, muitos são obrigados a procurar novas habitações, com rendas mais elevadas. “Para conseguirem pagar a cautela e o primeiro mês de renda, muitas famílias têm que recorrer ao crédito. A falta de resposta do mercado de locação coloca-as numa posição de vulnerabilidade financeira, levando-as a aceitar valores muito acima do seu orçamento”, afirmou.
Embora o ano de 2024 ainda não tenha dados definitivos, Nunes observou que, nos últimos quatro anos, o número de famílias em dificuldades financeiras aumentou de forma específica. O especialista destacou que, apesar da redução das taxas de juro, as prestações dos empréstimos à habitação continuam significativamente elevadas em comparação com 2021. Este aumento das dificuldades é ainda mais acentuado pelo encarecimento das despesas essenciais, como as faturas da casa e as compras no supermercado, que têm subido de forma expressiva.
A situação atual, porém, apresenta uma diferença crucial em relação às crises ecológicas.