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Azeite cai de preço, com escravos “é ainda mais barato

A Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, com sede em Beja, anunciou que a produção nacional de azeite na campanha oleícola 2024/2025 poderá aumentar até 15%, atingindo cerca de 170 mil toneladas. A previsão, que representa um dos maiores saltos registados nos últimos anos, deve decorrer da entrada em produção de novos olivais em sebe e das condições climatéricas favoráveis verificadas este ano, que permitiram uma extração mais eficiente do azeite pelos associados da entidade. O resultado será a baixa de preço ao consumidor mas, também, menos lucro para o olivicultor.

Ouvido pelo OREGIÕES, João Morgado, agricultor, explica o drama: “Quando há muita azeitona, parte dela fica na árvore, se quisermos ser éticos. Não há mão de obra barata nem se podem usar químicos nem máquinas que prejudiquem a oliveira”. Isto, diz este olivicultor de Moura, “faz com que muitos proprietários aceitem os pobres escravos que para aí andam, enquanto olham para o lado. Baixa-lhes o custo, até das máquinas. Querem resolver o problema do azeite e da imigração, passem cá pelo Alentejo” – remata Morgado, que este ano apenas conseguiu uma venda por volta dos €0,60.

Na campanha anterior, os olivicultores associados à Olivum registaram uma produção de aproximadamente 105 mil toneladas de azeite, enquanto a recolha apurada na actual campanha situou-se em torno de 120 mil toneladas – um aumento de cerca de 15%. Segundo a diretora-executiva da Olivum, Susana Sassetti, “de acordo com a percentagem que representávamos na produção do ano passado, que era mais ou menos de 70%, prevemos que a campanha nacional deste ano ande à volta das 170 mil toneladas”.

Este incremento na produção deve ser atribuído a vários fatores. Em primeiro lugar, a entrada em produção de novos olivais tem contribuído para ampliar a oferta de matéria-prima. Em segundo, as condições meteorológicas, com menos fenómenos extremos e uma maior estabilidade climática, favoreceram a maturação homogénea das azeitonas, o que se traduziu num rendimento superior nos lagares. Para além disso, os investimentos em tecnologias de extração e práticas agrícolas inovadoras e sustentáveis têm reforçado a qualidade do produto final, mantendo os níveis de azeite virgem extra – um dos principais diferenciadores do azeite português no mercado global.

A Olivum, que representa cerca de 70% da produção nacional, tem vindo a reforçar a modernização dos seus processos, promovendo o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo e extração que permitam não só aumentar o volume produzido, mas também assegurar a excelência do azeite. Dados recentes indicam que os lagares associados esperam recolher cerca de 830 milhões de quilos de azeitonas, que poderão originar aproximadamente 125 mil toneladas de azeite, com um aumento da capacidade de extração da ordem dos 12%, em linha com as tendências nacionais.

Especialistas do setor afirmam que este crescimento é fundamental para consolidar a posição de Portugal como um dos maiores produtores de azeite do mundo. A aposta em uma agricultura de precisão, aliada à sustentabilidade e à inovação, vem a responder não só às exigências do mercado interno, mas também a uma procura crescente nos mercados internacionais, onde a qualidade do azeite português é cada vez mais reconhecida.

A produção recorde que se antecipa para a campanha 2024/2025 não só reforça a importância económica do setor oleícola para a agricultura nacional, mas também evidencia o compromisso dos produtores em adaptar-se às novas condições de mercado e climáticas. Com a modernização dos lagares e a implementação de práticas sustentáveis, o país aposta num futuro de maior competitividade e qualidade no panorama global do azeite.

Em síntese, o cenário para a campanha oleícola atual é otimista: novos olivais, condições climatéricas favoráveis e o investimento contínuo em inovação contribuem para que Portugal se projete cada vez mais como líder na produção de azeite de qualidade, garantindo não só a manutenção dos padrões tradicionais, mas também a expansão do seu mercado de exportação. O resultado positivo, que pode vir a marcar a segunda maior produção de azeite de sempre, representa uma vitória para um setor que se moderniza e aposta na excelência para competir num mercado global cada vez mais exigente.

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