A reunião entre o Governo e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) terminou esta sexta-feira sem acordo, tendo a estrutura sindical classificado a proposta apresentada pela tutela como “injusta”. O impasse nas negociações pode conduzir a novos protestos por parte dos bombeiros, que exigem melhores condições salariais e de suplemento
Durante cerca de três horas, representantes do Governo e do SNBS discutiram as propostas de revisão das condições de trabalho dos bombeiros sapadores, mas não conseguiram chegar a um consenso. Após o encontro, o presidente do SNBS, Ricardo Cunha, sublinhou que a proposta do Executivo está ainda muito distante das reivindicações dos trabalhadores. Apesar de uma aproximação no que diz respeito aos aumentos salariais, a diferença entre as propostas continua significativa, principalmente no que respeita aos suplementos.
“Na parte salarial até estamos próximos, a diferença é de 52 euros, mas na parte do suplemento não estamos próximos, estamos a 100 euros”, revelou Ricardo Cunha, destacando que o sindicato continuará a discutir com os bombeiros a proposta do Governo, que está longe de ser considerada justa. O SNBS exige um suplemento de 300 euros, valor semelhante ao que foi atribuído às forças de segurança no ano anterior. Já a proposta do Governo sugere aumentos faseados até 2026, mas o suplemento mantém-se abaixo das expectativas dos bombeiros, com um aumento gradual de 10% em 2025, 5% em 2026 e 5% em 2027, representando 20% do salário base de cada trabalhador.
O Governo já manifestou a sua disposição para avançar unilateralmente com a implementação das medidas, caso o impasse persista. O primeiro-ministro alertou que, se não houver acordo com as entidades representativas, o Executivo tomará medidas sem considerar as recentes aproximações. Este aviso surge após um ciclo de reuniões com vários sindicatos, incluindo os cinco que apresentaram uma proposta conjunta, mas que também não assinaram o acordo.
No mês passado, as negociações entre o Governo e o SNBS foram suspensas após um protesto dos bombeiros que envolveu ações como o lançamento de petardos e o uso de tochas e fumo junto à sede do Governo. A contestação foi considerada pela tutela como uma pressão ilegítima, o que levou à interrupção das conversações.
Com o impasse a persistir, o SNBS já adiantou que a via dos protestos poderá ser retomada, caso as negociações não avancem de forma satisfatória para os bombeiros sapadores.