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Calor e incêndios levam Governo a declarar situação de alerta no continente

O Governo declarou a situação de alerta em todo o território continental. Abrange o período compreendido entre as 00h00 deste domingo e as 23h59 da próxima quinta-feira. A ministra da Administração Interna anunciou que a situação de alerta se estende a todo o território continental a partir da meia-noite. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu aos jornalistas que concorda em absoluto com a situação de alerta decretada pelo Governo este sábado e mais importante prevenir do que remediar.

Portugal continental vai entrar, a partir de domingo e até quinta-feira, em situação de alerta devido ao elevado risco de incêndio nos próximos dias. A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, avançou na tarde deste sábado com a declaração de situação de alerta para todo o território continental a partir da meia noite. De visita aos Açores, Marcelo Rebelo de Sousa já considerou que a declaração de situação de alerta do Governo é “uma solução que já estava preparada” e que “faz sentido”. Quanto a pedir ajuda externa para o combate aos incêndios, o presidente da República acredita que depende da evolução da situação.

O Governo decidiu proibir o acesso e a circulação nos espaços florestais, bem como a realização de queimadas e trabalhos rurais e a utilização de fogo-de-artifício. A decisão junta, além do ministério da Administração Interna, as tutelas da Defesa, Infraestruturas, Saúde, Trabalho, Agricultura, Solidariedade e Ambiente. A declaração decorreu da elevação do estado de alerta especial emitido pelo Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro.

A ministra assegura que todos os meios de combate aos incêndios estão mobilizados e apela “à serenidade” perante uma semana que se prevê “difícil”. Haverá ainda reforço de meios para operações de vigilância por parte da GNR e PSP.

A situação de alerta implica também proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais e rurais com o recurso a maquinaria e o uso de fogo de artifício e outros artefactos pirotécnicos. Neste caso, também as autorizações já emitidas ficam suspensas.

Dirigindo-se aos portugueses, Maria Lúcia Amaral alertou que os próximos dias serão difíceis e pediu “serenidade e espírito de unidade nacional no enfrentar deste flagelo”, alertando para uma semana difícil, tendo em conta as temperaturas muito elevadas que são esperadas para os próximos dias.

“Portugueses, a próxima semana será difícil. Todo o dispositivo de combate aos incêndios está pronto e mobilizado. A resposta operacional da Guarda Nacional Republicana, da Polícia de Segurança Pública e das Forças Armadas será reforçada com mais vigilância, mais fiscalização, mais patrulhamento”.

A ministra da Administração Interna deixou também um apelo: “Peço que confiem nos nossos bombeiros, na nossa Proteção Civil, nas nossas autoridades. Todos têm, em conjunto, feito um trabalho extraordinário e incansável. A todos dirijo uma palavra de sentido apreço, de reconhecimento, de profunda gratidão.

“Peço também que respeitem todas as indicações e orientações das autoridades competentes. que respeitem as proibições, que evitem quaisquer práticas que possam provocar incêndios. A ação de todos, consciente e preventiva, é indispensável”, referiu.

Segundo a ministra, “somos todos partes da solução. Por isso, apelo à serenidade e ao espírito de unidade nacional no enfrentar deste flagelo”.

Mais vale prevenir

Já para o Presidente da República esta decisão “faz sentido” porque, “havendo tempo para prevenir, (…) mais vale prevenir do que remediar”.

“Prevenir significa (…) os portugueses saberem o que se passa, as autoridades terem poderes mais fortes para ir mais longe do que normalmente vão”, alegou Marcelo Rebelo de Sousa. Isto é: as autoridades em vez de recomendar que não se “faça fogo”, passam a “impedir, a interditar”.

“É isso o estado de alerta”, disse. “Ninguém pode dizer que não foi prevenido”. Prevê-se que o próximos dias seja muito difíceis, mas o chefe de Estado acredita que “com esta prevenção e com o dispositivo que foi montado” que este período possa ser enfrentado “pela máquina de resposta da Proteção Civil”.

Sobre pedir ajuda externa, nomeadamente ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil, o presidente considera que “depende do que se vier a passar”.

Liga dos Bombeiros

Entretanto, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses afirmou este sábado, em entrevista à RTP3, que a entidade “tinha achado interessante que, no meio da semana passada”, a situação de alerta “pudesse ter sido ativada”. Ainda assim, considerou que o anúncio do Governo “não foi tardio”.

“Tivemos uma situação complicada em praticamente quatro ou cinco distritos do país e isso poderia ter garantido uma maior disponibilidade”, assinalou António Nunes.

“Certo é que, tendo havido na altura recomendação às empresas, a maioria, naturalmente que, numa forma de responsabilidade social, acabou por dispensar os seus trabalhadores que eram bombeiros voluntários e, por isso, conseguiu-se encontrar os meios necessários para responder a todas as chamadas”, prosseguiu o responsável.

“Neste ponto de vista, diremos que não foi tardio. Foi no momento em que o Governo entendeu, face às informações que tem disponíveis e que nós sublinhamos como muito importantes, porque na próxima semana poderemos ter temperaturas muito elevadas, ventos fortes”, considerou António Nunes.

“Nestas circunstâncias, a capacidade dos nossos bombeiros é maior. Agora, esperamos que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil também desenvolva um conjunto de iniciativas posteriores de pré-posicionamento, de organização logística”.

Incêndios activos no sábado

Este sábado, os incêndios em Ponte da Barca e Lindoso, no Alto Minho, distrito de Viana do Castelo, continuam a ser os mais preocupantes. Estão ativos e ainda são considerados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil como uma “ocorrência grave”.

O incêndio de Ponte da Barca, “mantém-se ativo devido aos pontos quentes que podem provocar reativações”, disse já esta tarde o comandante Elísio Oliveira: “com a rotação do vento temos alguns pontos quentes que podem provocar reativações complicadas. Vamos continuar o nosso trabalho para ver se ao dia de hoje conseguimos fechar o incêndio”, sublinhou o responsável regional de Lisboa e Vale do Tejo que está em Ponte da Barca a comandar as operações.

Num ponto de situação aos jornalistas, cerca das 13:20, Elísio Oliveira acrescentou que “os meios estão colocados no terreno”, tanto por via terrestre como aérea. “A proteção das populações está garantida”, afirmou, apontando, no entanto, que há locais de incêndio em que apenas os meios aéreos podem operar.

Logo pela manhã, o incêndio mantinha-se com duas frentes ativas. Entretanto, o combate ao incêndio decorria favoravelmente com a previsão de boas notícias nas próximas horas.

Elísio Oliveira alertava já nessa altura para o facto de o incêndio manter-se “ativo” e que o final da manhã normalmente traz “uma entrada de vento que pode provocar reativações em locais” onde estão atualmente “a trabalhar na consolidação do rescaldo”. Tratando-se de pontos critícos não há “a garantia de que o incêndio não vai sair do perímetro já atingido”, disse.

“Elísio Oliveira precisou que só quando houver “a garantia de que o incêndio não passará para novas áreas”, será dado “como dominado”. E prosseguiu: “isto é um combate muito injusto. Apesar de todo o trabalho feito por todos os operacionais das diferentes entidades, sejam os bombeiros, que são o principal agente e têm feito um trabalho extenuante no teatro de operações, acompanhado por elementos do ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas], das equipas de sapadores florestais, por elementos da GNR (…) bastará uma rotação do vento em locais onde não é visível a chama e ele [o incêndio] irá fazer arranques que podem comprometer toda esta operação”.

Sobre ferimentos sofridos no teatro de operações, o comandante relatou que na sexta-feira houve “duas situações, um elemento do ICNF que sofreu uma queda e foi transportado ao hospital, um ferido ligeiro com traumatismo no membro superior, e outra situação de um acidente que recusou o transporte ao hospital. Portanto, nenhuma situação grave”.

Elísio Oliveira revelou ainda estarem envolvidos nas operações “dois helicópteros ligeiros” e que irá “entrar um helicóptero bombardeiro pesado e duas parelhas de aviões bombardeiros (…), mais um helicóptero de coordenação”.

As temperaturas estão elevadas e vão continuar a subir nos próximos dias. Prevendo-se para este sábado uma temperatura máxima de 38 graus para Ponte da Barca, com uma mínima de 19. E depois é sempre a subir até quarta-feira.

Para domingo, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê uma temperatura máxima de 40 graus, subindo para 41 graus na segunda e para 42 graus na terça, só voltando a descer na quarta-feira, para os 35 graus.

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