A Casa Branca lançou duras críticas à Amazon, acusando a gigante tecnológica de agir de forma hostil e politicamente motivada, após a empresa ter começado a incluir, no preço final dos seus produtos, o impacto das tarifas comerciais impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A denúncia foi feita pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, durante uma conferência de imprensa ao lado do secretário do Tesouro, Scott Bessent. Leavitt classificou a decisão da Amazon como um “ato hostil e político”, acrescentando que a empresa não adotou a mesma postura durante a presidência de Joe Biden, quando “a inflação atingiu o nível mais elevado em 40 anos”.
“Não é surpreendente”, declarou Leavitt, justificando a crítica com o facto de Jeff Bezos, fundador da Amazon, manter “laços comerciais com o governo chinês”. A porta-voz aproveitou para reforçar o apelo ao patriotismo económico. “Esta é mais uma razão para os norte-americanos preferirem produtos fabricados nos Estados Unidos. É por isto que estamos a relocalizar as cadeias de abastecimento no nosso território”, afirmou.
A medida da Amazon surge numa altura de grande tensão comercial, marcada pelo regresso de tarifas agressivas nos Estados Unidos. O Presidente Trump reinstaurou taxas de 10% sobre todas as importações e manteve os anteriores encargos de 25% sobre aço, alumínio e automóveis. Em relação à China, as tarifas foram elevadas até 145%, levando Pequim a reagir com uma retaliação de 125% sobre produtos norte-americanos.
Durante a campanha eleitoral, Jeff Bezos já havia sido alvo de escrutínio por ter impedido o The Washington Post, jornal que possui, de manifestar apoio direto à candidata democrata Kamala Harris, rompendo com décadas de tradição editorial. Na tomada de posse de Trump, Bezos marcou presença num lugar de destaque, ao lado de figuras como Elon Musk e Mark Zuckerberg.
A tensão entre a administração Trump e empresas tecnológicas parece aumentar, sobretudo quando estas adotam medidas interpretadas pela Casa Branca como tentativas de interferência política ou deslealdade económica.