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Casais: “punição” através do silêncio destrói relações

O tratamento de silêncio, ou ‘silent treatment’, é uma forma de comportamento passivo-agressivo que ocorre em relacionamentos amorosos quando um dos parceiros opta por ignorar ou evitar o outro como resposta a conflitos ou frustrações. Essa atitude pode parecer inofensiva à primeira vista, mas suas origens, motivações e consequências revelam um impacto profundo e potencialmente destrutivo para o casal.

O tratamento de silêncio tem raízes em dificuldades de comunicação e na dinâmica de poder dentro das relações. Psicólogos identificam duas principais motivações para esse comportamento:

A primeira são as dificuldades de comunicação: Quando a pessoa se sente incapaz de expressar mágoas, tristeza ou zanga, o silêncio surge como uma forma de lidar com essas emoções. É uma tentativa de evitar confrontos directos, mas acaba prejudicando a resolução dos problemas.

A segunda é o “desejo de punição”: O silêncio é usado intencionalmente para castigar o parceiro, exercendo controle sobre ele. Essa estratégia pode ser manipuladora e busca estabelecer poder sobre o comportamento e o bem-estar emocional do outro.

Esse padrão é comum em relações tóxicas, onde os conflitos não são resolvidos adequadamente, promovendo o afastamento emocional e perpetuando ciclos de tensão e ressentimento. Carl Rogers, psicólogo norte-americano, especialista nas relações humanas, dizia: “A escuta activa e a empatia genuína são essenciais para ultrapassar os bloqueios na comunicação”.

Consequências para o Casal

O impacto do tratamento de silêncio pode ser devastador para a saúde do relacionamento, como: Prejuízo na comunicação: O silêncio impede diálogos abertos e produtivos, dificultando a resolução de problemas e aprofundando mal-entendidos. Outra consequência são sentimentos de rejeição e abandono: A pessoa ignorada pode sentir-se invisível, desvalorizada e desprezível, levando a uma quebra na auto-estima.

Há que contar com o “ressentimento acumulado”: A ausência de resolução dos conflitos gera tensão contínua, minando a confiança e a intimidade no casal. Irvin Yalom, psiquiatra e professor universitário, salienta que “o isolamento emocional decorrente da falta de diálogo pode levar a uma espiral de ressentimento e desintegração relacional” – sustenta o vencedor do Prémio Sigmund Freud de 2009.

Efeitos físicos e psicológicos também estão presentes. Estudos mostram que esse comportamento pode desencadear ansiedade, depressão e até sintomas físicos, como disfunção intestinal ou eréctil.

Além disso, casais que adoptam esses padrões frequentemente experimentam menor satisfação no relacionamento, menos intimidade emocional e maior probabilidade de separação.

Perigos para os Envolvidos

Para quem aplica o tratamento de silêncio, há um risco de alienação emocional e isolamento. Esse comportamento pode ser uma barreira para construir relacionamentos saudáveis no futuro. Já para quem sofre com ele, os danos incluem sentimentos intensos de solidão, baixa auto-estima e maior vulnerabilidade a problemas emocionais graves como depressão. Em casos extremos, esse padrão pode levar à deterioração completa da relação.

Como Evitar o Tratamento de Silêncio

Superar esse comportamento exige esforço mútuo e estratégias conscientes. A Auto-reflexão, por exemplo. Antes de confrontar o parceiro, é importante reflectir sobre as próprias emoções e acções que podem ter contribuído para o conflito.

Tentar, ao máximo, a “comunicação empática” – conversas abertas com foco na escuta activa são cruciais. Evite acusações directas; em vez disso, use frases que expressem seus sentimentos sem culpar o outro (por exemplo: “Eu sinto-me magoado quando não conversamos sobre nossos problemas”).

Ainda a validação emocional, onde se possa reconhecer os sentimentos do parceiro sem minimizá-los ou desqualificá-los. Isso ajuda a criar um ambiente seguro para diálogo.

Quando tudo falha, a Terapia de casal: a ajuda profissional pode ser essencial para romper padrões destrutivos e reconstruir a conexão emocional.

O tratamento de silêncio é um comportamento que pode minar silenciosamente qualquer relacionamento. Suas origens estão ligadas à dificuldade em lidar com emoções ou à busca por controle sobre o parceiro. No entanto, suas consequências são amplamente negativas para ambos os envolvidos, afetando não apenas a dinâmica do casal, mas também a saúde mental dos indivíduos.

A solução passa pela empatia, comunicação aberta e disposição para enfrentar os desafios juntos. Ao adotar essas práticas, é possível transformar momentos de conflito em oportunidades para fortalecer o vínculo afetivo. Afinal, o diálogo é sempre mais poderoso do que o silêncio que fere. Como enfatiza Harriet Lerner, “a comunicação empática transforma os conflitos em oportunidades para o crescimento e a reconexão” – sentencia a psicóloga clínica mais conhecida por suas contribuições para os conceitos psicanalíticos relacionados à teoria e terapia familiar, principalmente com o livro “Porque não pedes Dsculpas?”.

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