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Castelo Branco à Deriva: A Urgência de Uma Política com Conteúdo

Castelo Branco enfrenta hoje um ciclo político marcado por desilusão e falta de visão estratégica. Numa altura em que o concelho precisa de soluções estruturadas para responder ao envelhecimento da população, à estagnação económica e à perda de atratividade, os principais protagonistas da política local têm preferido centrar-se em disputas pessoais, propaganda digital e ataques estéreis que pouco ou nada contribuem para a resolução dos problemas concretos dos cidadãos.

A atual liderança camarária, sob responsabilidade de Leopoldo Rodrigues, tem deixado transparecer um estilo de governação excessivamente dependente da exposição mediática e da comunicação em redes sociais. Embora a transparência e a proximidade sejam desejáveis, a frequência com que se recorre a conferências de imprensa para justificar publicações pessoais e decisões de gestão levanta legítimas dúvidas sobre as prioridades do executivo.

A execução de obras de forma apressada, muitas vezes mal iniciadas ou mal concluídas, denuncia um padrão de atuação mais preocupado com a aparência do que com a eficácia. Esta prática traduz-se numa governação marcada por ações pontuais, desarticuladas e fortemente condicionadas por objetivos eleitorais de curto prazo.

A política cultural e de eventos tem sido um dos exemplos mais evidentes da falta de continuidade e de estratégia. Iniciativas de valor reconhecido, como o “Natal Branco”, a “Bienal do Azeite” ou os “Sabores de Perdição”, foram descontinuadas logo no início do mandato. Só mais recentemente, e sem inovação relevante, começaram a ser recuperadas — indício de ausência de criatividade e de visão de longo prazo.

Adicionalmente, a composição da equipa política que rodeia o presidente da câmara suscita preocupações. A aposta em assessores jovens e com filiação partidária é legítima, mas quando tal se traduz em ausência de experiência e em resultados fracos, o impacto na qualidade da governação torna-se visível. A política local exige competência técnica, conhecimento dos dossiês e capacidade de articulação institucional — características que nem sempre parecem estar presentes.

A oposição, liderada por José Augusto Alves, também não tem conseguido afirmar-se como alternativa credível, mas necessária. A insistência em críticas recorrentes às publicações de Rodrigues nas redes sociais, por vezes com tom mesquinho, não tem sido acompanhada de propostas concretas, estruturadas ou mobilizadoras. Numa altura em que seria essencial apresentar caminhos novos para Castelo Branco, a alternativa limita-se a opor-se — o que é claramente insuficiente.

É ainda necessário destacar a insistente referência ao ex-presidente Luís Correia como elemento central do discurso político do atual executivo. Esta fixação num passado recente — ao qual o próprio Leopoldo Rodrigues esteve intimamente ligado, como presidente de junta de freguesia de Castelo Branco — serve mais para desviar atenções do presente do que para explicar o que se pretende para o futuro. Quando se culpa o anterior líder por tudo o que não corre bem, ignorando que se esteve ao seu lado e se apoiaram as decisões tomadas, está-se perante um exercício de incoerência que fragiliza a credibilidade institucional.

Este editorial não visa atacar qualquer pessoa ou imputar factos que não sejam publicamente observáveis. Trata-se de um contributo crítico e construtivo para o debate democrático, feito no pleno exercício da liberdade de expressão consagrada no artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa. A crítica política, quando fundamentada, objetiva e feita com responsabilidade, é essencial ao funcionamento de qualquer regime democrático.

Castelo Branco precisa de mais: mais ideias, mais compromisso, mais competência. A cidade merece uma liderança com visão, coragem para decidir e capacidade para executar. E merece também uma oposição à altura, que vá além do comentário reativo e proponha caminhos sérios e transformadores.

É tempo de abandonar a política do imediato, da aparência e do ruído. A cidade precisa de rumo. E o tempo para o encontrar começa agora.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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