Rui Campos Silva, cabeça de lista do Chega à Câmara de Odemira nas eleições autárquicas de 12 de outubro, renunciou ao mandato conquistado pelo partido, abrindo caminho para que o segundo da lista, Manuel Matias, assumisse o lugar no executivo municipal. A decisão suscitou críticas imediatas da concelhia local do PS, que denunciou a falta de compromisso com os eleitores.
Nas eleições, o PS garantiu a vitória em Odemira com 45,06% dos votos, assegurando quatro dos sete mandatos no executivo municipal. O Chega obteve 17,61% e elegeu um vereador, a CDU conquistou 17,04% com um mandato, e a coligação PSD/CDS-PP alcançou 12,89%, igualmente com um representante.
Manuel Matias explicou à Lusa que a candidatura do Chega se estruturou como uma equipa, na qual Rui Campos Silva tinha como principal responsabilidade colocar o concelho no centro do interesse dos investidores. “Não merecendo a confiança do povo de Odemira para governar o município, o Rui voltou para o mundo das empresas, onde é um excelente gestor, e eu assumi a oposição, um trabalho mais político e mais exigente no plano ideológico”, afirmou.
O novo vereador sublinhou que a substituição não representa abandono do partido: “Trata-se de operacionalizar melhor aquilo que os odemirenses nos confiaram: ser a primeira alternativa ao poder socialista que lidera Odemira.”
O PS criticou duramente a decisão de Rui Campos Silva, considerando-a um sinal de incoerência e de desrespeito pelo processo democrático. Em comunicado, os socialistas qualificaram o ex-candidato do Chega como um “paraquedista” que “afinal não aterra em Odemira” e lamentaram a ausência de qualquer explicação pública por parte do partido, lembrando que se trata de uma força política habitualmente muito ativa na comunicação.
Segundo o PS, esta atitude desvaloriza o princípio da representação e o papel das instituições locais, levantando dúvidas sobre o compromisso do Chega com os cidadãos que participaram de forma consciente nas autárquicas.








