Nova tecnologia desenvolvida por equipas do Reino Unido e do Canadá permite observar e quantificar agregados de proteínas associados à progressão da doença
Uma equipa internacional de cientistas conseguiu visualizar e quantificar, pela primeira vez, os grupos de proteínas responsáveis por desencadear a Doença de Parkinson. O feito, descrito num estudo publicado na revista Nature Biomedical Engineering, abre novas perspetivas para compreender os mecanismos da doença e desenvolver futuros diagnósticos e terapias.
Os investigadores criaram a ASA-PD (Advanced Detection of Aggregates – Parkinson’s Disease), uma tecnologia de deteção avançada baseada em software que gera imagens em larga escala de agregados proteicos, conhecidos como oligómeros de alfa-sinucleína. Estes grupos de proteínas, invisíveis até agora devido à sua dimensão microscópica, estão na origem da degeneração das células nervosas que caracteriza o Parkinson.
“Desenhámos a Deteção Avançada de Agregados – Doença de Parkinson, uma tecnologia que permite descrever a distribuição, a prevalência e a localização dos grupos de proteínas desencadeadores da doença”, explicam os autores do estudo.
A investigação contou com a colaboração de cientistas da Universidade de Cambridge, da University College London e do Instituto Francis Crick, no Reino Unido, bem como da Universidade Politécnica de Montreal, no Canadá.
Os investigadores analisaram amostras de tecido cerebral de pessoas falecidas com e sem a doença, de idades semelhantes. Verificaram que os grupos de proteínas estavam presentes em ambos os casos, mas nos cérebros afetados pela doença eram maiores, mais brilhantes e mais numerosos, sugerindo uma relação direta com a progressão da patologia.
Além disso, a equipa identificou uma subclasse específica de oligómeros que apareceu apenas em doentes de Parkinson — podendo constituir o primeiro marcador visível da doença, potencialmente anos antes do aparecimento dos sintomas.