A receita bruta das salas de cinema em Portugal registou um acentuado aumento de sessenta e sete por cento no mês de Julho de 2025, comparativamente ao período homólogo do ano anterior. De acordo com dados oficiais, o número de espectadores cresceu dois vírgula oito por cento, confirmando o bom momento do sector após os meses de Verão. Este crescimento, afigura-se, é um factor directo do aumento da procura por filmes de grande projecção internacional.
O mercado cinematográfico continua a ser dominado por filmes de grande projecção comercial. A obra de animação «Lilo e Stitch» foi a mais vista em Julho, atraindo 639.448 espectadores. Em segundo lugar, surge a adaptação do videojogo «Um Filme Minecraft», que conseguiu levar 502.876 pessoas às salas. Ambos os filmes, com acções de marketing directo e fortes, contribuíram para os óptimos resultados verificados.
Produção nacional e domínio estrangeiro
Os filmes de produção nacional, contudo, continuam a enfrentar um «braço de ferro» com as grandes produções estrangeiras. Até Julho, estrearam-se em Portugal trinta e duas longas-metragens. O filme «On Falling», de Laura Carreira, destacou-se com 13.117 espectadores, tornando-se o mais visto entre as obras portuguesas, o que revela um público fiel mas ainda aquém do que seria desejável.
O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) apoiou vinte e uma longas-metragens (treze de ficção e oito documentários), bem como vinte e oito curtas-metragens. Tal produção traduz-se, no entanto, numa ligeira quebra de dois por cento face ao mesmo período do ano passado. A indústria nacional, portanto, produz com qualidade, mas precisa de reforçar a sua presença comercial no mercado.
Concentração de mercado e filmes premiados
A exibição e a distribuição de cinema em Portugal mostram uma concentração de mercado notável. Três empresas — NOS Lusomundo Audiovisuais, Cinemundo e Big Picture 2 Films — controlam noventa e três por cento da quota de mercado em termos de público. No que diz respeito às salas de projecção, as quatro maiores empresas, NOS, UCI, NLC – CINEMA CITY e CINEPLACE, dominam noventa e um por cento das receitas de bilheteira.
Esta hegemonia do mercado é notória ao observar a origem dos filmes. Das duzentas e vinte e três longas-metragens estreadas, mais de metade são de origem europeia, mas o público que prefere o cinema norte-americano é quem mais enche as salas. Os filmes europeus captam 12,2 por cento dos espectadores, enquanto as produções dos EUA atraem a vasta maioria, 66,8 por cento do público.
Um dos factos mais notórios deste mês foi o reconhecimento internacional do cinema português. A realizadora Rita Azevedo Gomes viu o seu filme «Fuck the Polis» ser galardoado com o Grande Prémio da Competição Internacional no prestigiado Festival Internacional de Cinema de Marselha, o FIDMarseille. A premiação demonstra que, apesar das dificuldades internas, a acção do cinema português continua a ter uma óptima projecção lá fora.