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Comissão Europeia acelera plano de interconexões energéticas para salvar transição verde e libertar Península Ibérica do isolamento

A Comissão Europeia vai apresentar no outono um plano de ação ambicioso para reforçar as interconexões energéticas entre os países da União Europeia (UE), com especial foco na ligação da Península Ibérica ao resto do bloco europeu. O objetivo é ultrapassar os estrangulamentos existentes na rede e garantir a concretização da transição energética.

O comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, anunciou que o plano — inicialmente previsto para 2026 — será antecipado e apresentado já este outono, sublinhando a urgência em colmatar falhas críticas nas infraestruturas energéticas europeias.
“Precisamos de estar melhor interligados. A ausência de ligações físicas suficientes é, provavelmente, o maior entrave que enfrentamos na transição ecológica”, afirmou Dan Jørgensen à margem de um encontro com a imprensa europeia na cidade dinamarquesa de Arhus, no âmbito da presidência do Conselho da UE que a Dinamarca assume até dezembro.

Jørgensen recorreu a uma analogia para descrever a atual situação energética do continente: “É como se fossem precisas 200 estradas, mas só existissem 100 e apenas 50 estivessem abertas ao trânsito. Temos de utilizar melhor o que já temos e duplicar a capacidade instalada.”

França continua a ser um obstáculo
Confrontado pela agência Lusa sobre o bloqueio de França às ligações da Península Ibérica com o resto da Europa, o comissário europeu reconheceu as dificuldades. “Temos feito progressos, mas continuamos muito dependentes da vontade política de cada país. Por vezes, é necessário ligar o país A ao C, mas a ligação passa pelo país B. Como se torna isso atrativo para B? Essa é a complexidade que estamos a tentar resolver.”

O impasse com França tem atrasado há décadas a integração energética da Península Ibérica no mercado interno da UE, o que compromete os objetivos europeus de segurança energética e neutralidade carbónica.

Pedido urgente de Portugal e Espanha
Em maio, após um apagão em abril que expôs a fragilidade da rede elétrica ibérica, os governos de Portugal e Espanha exigiram à Comissão Europeia um “compromisso político e financeiro firme” para desbloquear o dossiê. Numa carta dirigida a Dan Jørgensen, Lisboa e Madrid propuseram ainda uma reunião ministerial, este ano, com a participação de França e da Comissão, para definir um roteiro com marcos concretos rumo às metas energéticas de 2030 e 2040.

A conectividade energética da Península Ibérica com o resto da UE permanece abaixo dos 3%, muito aquém do mínimo de 15% estabelecido como meta europeia até 2030. O Governo português insiste na necessidade de atingir esse objetivo, apontando a interligação como essencial para aumentar a resiliência da rede, reduzir custos e acelerar a transição para energias renováveis.

Investimento de meio bilião de euros na rede elétrica europeia
Segundo a Comissão Europeia, a modernização das redes elétricas da UE exigirá um investimento superior a 500 mil milhões de euros nesta década. Este valor inclui o reforço das interconexões transfronteiriças e a adaptação das redes nacionais aos requisitos da transição energética.

Dan Jørgensen sublinhou que cada euro investido em interconexões tende a triplicar em retorno económico e social. “França evitou 40 dias de apagões no ano passado graças às interligações. São investimentos estratégicos e urgentes”, reforçou.

O plano europeu que será apresentado no outono visa finalmente quebrar o isolamento energético da Península Ibérica e acelerar a coesão energética da UE. Numa altura em que a segurança energética e a transição ecológica são prioridades absolutas, a Europa prepara-se para tomar decisões estruturantes com impacto duradouro nas próximas décadas.

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