A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (CONFAGRI) propôs esta segunda-feira ao Governo português a criação urgente de um fundo de emergência destinado a apoiar os setores agrícolas mais afetados pelas novas medidas tarifárias internacionais, com especial destaque para o impacto potencial das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Augusto Ferreira, coordenador técnico da CONFAGRI e do Crédito Agrícola de Portugal, afirmou que a proposta visa garantir uma resposta rápida e eficaz perante possíveis crises no setor. “Apresentámos uma proposta para a criação de um fundo de emergência, com o objetivo de assegurar capital para apoiar os setores que venham a enfrentar maiores dificuldades”, declarou aos jornalistas após uma reunião, em Lisboa, com o ministro da Economia e o ministro da Agricultura e Pescas.
A proposta defende que este fundo seja financiado através da reserva de crises da União Europeia, sendo também complementado com verbas do Orçamento do Estado. Augusto Ferreira sublinhou que o fundo representa uma ferramenta essencial para responder a situações de crise que podem não se limitar à quebra nas exportações, alertando ainda para o risco de entrada massiva de produtos estrangeiros no mercado nacional, o que poderá prejudicar gravemente a produção portuguesa.
“Temos de estar atentos à evolução do mercado, tanto externo como interno, e preparados para agir caso a situação se agrave. Não podemos ser surpreendidos”, afirmou o coordenador.
A reunião desta segunda-feira juntou, para além da CONFAGRI, outras 16 associações do setor agrícola, numa tentativa concertada de sensibilizar o Executivo para os riscos que as alterações nas políticas comerciais internacionais representam para a agricultura nacional.
Augusto Ferreira aproveitou ainda o encontro para reforçar a necessidade de reforçar a capacidade das cooperativas agrícolas portuguesas, de forma a aumentar a sua competitividade e presença nos mercados externos. “Este é um momento crucial para ajudar as nossas cooperativas a ganharem força e presença internacional”, referiu.
As declarações surgem poucos dias após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a suspensão das chamadas “tarifas recíprocas” por um período de 90 dias. A suspensão temporária afeta também a União Europeia, mas levanta dúvidas quanto ao cenário que poderá seguir-se, justificando assim o apelo da CONFAGRI à criação de instrumentos de apoio robustos e imediatos.
A CONFAGRI deixou ainda o alerta de que o setor agrícola continua vulnerável às flutuações do comércio internacional e apelou a uma resposta estratégica e antecipada por parte das autoridades portuguesas e europeias.