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Corrida a Belém passa a ser Triatlo

Entrou Cotrim Figueiredo na corrida presidencial com o entusiasmo de quem descobre um cupão de desconto para um Titanic novo. O Iniciativa Liberal, armado em maestro de banda filarmónica desafinada, colocou-o na passerelle política, e Marques Mendes perdeu não só dez pontos percentuais, como dez centímetros de autoestima — está a duas quedas de cadeira de ser confundido com um bibelot decorativo. A direita, entre gritos e abanões, parece um casamento onde a noiva foge e o noivo discute com o catering. Já há quem proponha um debate no qual todos usem patins de gelo, para igualar as quedas.

O capitão que disparava para o horizonte

O Almirante Seringa, qual herói de opereta, decidiu filmar um vídeo sobre incêndios em que acusa toda a gente no geral, mas absolve até os pirómanos de estimação. É um “ato de coragem” comparável a gritar “Água!” num deserto de sarcasmo. O Chega, entretanto, anda como adolescente em crise: quer apoiar o marinheiro de gala, mas teme perder-se no labirinto de Gouveia e Melo — um local mítico onde cada saída leva a uma conferência de imprensa sobre nada. É como escolher entre saltar de um barco a arder ou entrar voluntariamente numa aula de hidroginástica dada por políticos reformados.

Seguro como um banco falido

Do lado esquerdo, António José Seguro surge como candidato “sério” — sério na mesma medida em que é sério um relógio que atrasa três horas, mas garante que é “preciso ter calma”. António Filipe, por sua vez, não brinca às candidaturas, o que hoje é um milagre equivalente a encontrar um funcionário público que sorria. Porém, José Luís Carneiro, o maestro interino do PS, continua a tentar agradar às 383 facções internas, cada uma mais faminta do que a outra. Muda de rumo como quem muda de gravata, mas o comboio continua a descarrilar… no meio de um aeroporto em chamas.

O estômago como órgão partidário

O PS, antes de apoiar Seguro, terá de ingerir a sua dose obrigatória de Kompensan e assinar consentimento para cirurgia gástrica política. Há décadas que o eleitor socialista confunde a vesícula biliar com a comissão política e o cólon com o núcleo local do partido. Em 1986, o PCP teve experiência semelhante e ainda hoje sofre azia ideológica. Votar no PS é como comer marisco num festival de verão: sabe-se que vai correr mal, mas a tradição manda repetir, com Alka-Seltzer de sobremesa e um sorriso cúmplice para a televisão.

O regresso dos bonecos falantes

Esta eleição é um spin-off dos Marretas, mas sem o carisma das marionetas originais. Aqui, o cordel é substituído por um fio invisível de interesses, e o público já não sabe se ri, se chora ou se pede um reembolso do voto. No fim, entre anões de jardim, capitães de papelão e estômagos partidários, Portugal continuará à espera do candidato ideal — aquele que saiba governar, inspirar e, acima de tudo, alcançar a prateleira de cima do frigorífico sem pedir ajuda a um escadote. Até lá, o país continuará sentado no sofá da tragédia, com pipocas de resignação e gargalhadas de sobrevivência.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Editor Executivo. Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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