Os dados provisórios do Relatório Anual de Segurança Interna em 2024 revelam que a criminalidade violenta aumentou 3 por cento, embora se mantenha abaixo dos níveis registados antes da pandemia. Por outro lado, a criminalidade não violenta registou uma descida de mais de 5 por cento no ano passado. Em 2024, os crimes de violação tiveram os valores mais altos da última década. Os dados provisórios também fazem referência ao homicídio de Odair Moniz na Cova da Moura e sobretudo aos tumultos que resultaram da ação policial
A criminalidade violenta e grave voltou a subir em Portugal. De acordo com o jornal Expresso, os dados provisórios do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) mostram que houve um crescimento de quase 3% deste tipo de crimes, com mais de 14 mil crimes participados às autoridades. Em 2024, o crime de violação foi um dos que mais aumentou, atingindo, assim, o valor mais alto da última década.
Foram registadas 543 violações, um dos crimes mais graves. São mais 49 casos do que em 2023, ou seja, um aumento de 10%. Isto significa que, em 2024, este tipo de crime atingiu o valor mais alto dos últimos dez anos. A maioria dos arguidos que cometeram este crime são do sexo masculino e a grande parte das vítimas são mulheres, sendo que, em quase metade dos casos, a vítima e o agressor tinham uma relação próxima.
Segundo o RASI, os crimes violentos que mais subiram em 2024 foram os roubos por esticão, de viaturas, em edifícios comerciais e industriais, a residências, bem como as violações e os assaltos a bancos ou outros estabelecimentos de crédito.
Delinquência juvenil
O relatório mostra ainda que a violência grupal e a delinquência juvenil também têm estado a aumentar. No ano passado, foram registadas mais de sete mil participações à polícia de violência praticada em grupo. Houve também mais de 12% de casos de delinquência entre jovens dos 12 aos 16 anos. Os bairros periféricos de Lisboa, Porto e Setúbal são os locais onde estes fenómenos ocorrem com maior frequência.
Neste ponto, o relatório faz uma referência ao caso de Odair Moniz, morto em outubro do ano passado, na Cova da Moura, por um agente da PSP.
Sem referir nomes, o documento conclui que muitos dos jovens que participaram nos desacatos nas semanas seguintes faziam parte de grupos já conhecidos das autoridades e usaram as redes sociais para uma mobilização rápida dos participantes. O RASI indica que, dessa forma, foi maior o impacto da mensagem de ódio e de incentivo à violência, o que levou à escalada e à generalização dos atos violentos.
Já os crimes graves que mais desceram em 2024 foram a resistência e coação sobre funcionário, ofensa à integridade física grave, o roubo na via pública (exceto por esticão) e os roubos a bombas de gasolina.
Por outro lado, a criminalidade geral registou uma descida: o número total de participações criminais foi de quase 355 mil, menos cerca de 17 mil do que em 2023.