Por Fernando Jesus Pires, Diretor Geral Editorial do jornal ORegiões
Hoje, 18 de agosto de 2025, encerra-se o prazo para apresentação das listas às eleições autárquicas. Um momento importante para a democracia local, que merece reflexão séria. E faço-o, não só como cidadão atento, mas como jornalista e diretor deste jornal, que há anos tem servido a região da Beira Baixa com independência e compromisso público.
Foi o próprio primeiro-ministro, Luís Montenegro, quem recentemente afirmou que “estamos em guerra”. A expressão, ainda que simbólica, traduz bem a realidade do jornalismo livre e independente em Portugal — especialmente quando atua fora das grandes capitais, onde a pressão política, económica e institucional se faz sentir de forma mais crua.
Ao longo da minha carreira como jornalista repórter, percorri cenários de conflito, enfrentei incêndios, segui campanhas eleitorais, fiz investigação jornalística sobre quem muitos consideram intocável. Denunciei abusos de poder, vícios instalados e redes de influência pouco claras. Fiz jornalismo. E, por isso mesmo, fui alvo de perseguição judicial, instrumentalizada por figuras políticas que confundem poder autárquico com poder absoluto. Fui levado a tribunal. Fui ilibado. Os processos foram arquivados pelo Tribunal da Relação, confirmando aquilo que sempre defendi: a minha atuação foi jornalística, legal e legítima.
As tentativas de silenciamento não se ficam pelos tribunais. Há quem se recuse a apoiar o jornal ORegiões com publicidade institucional, não por razões editoriais ou técnicas, mas por represália. Somos um jornal incómodo — porque não dobramos a espinha, não servimos interesses, não fazemos fretes. Servimos a verdade, a nossa região, as nossas comunidades e a lusofonia.
Em véspera de novo ciclo autárquico, renovo a esperança de que a política local possa encontrar gente séria, preparada e comprometida com o bem comum. Que se afaste, de vez, o perfil do político que vive da função e não para a função, que se serve do cargo em vez de servir as pessoas.
A liberdade de imprensa é pilar da democracia. E quando se tenta silenciar um órgão de comunicação, seja por via judicial ou económica, quem perde não é o jornalista — é o cidadão. O jornal ORegiões está ao serviço da verdade e da população. Continuaremos aqui, com coragem e integridade, como sempre estivemos.
Porque o jornalismo livre é, e continuará a ser, a primeira linha de defesa da democracia.
Este editorial encontra-se protegido pelos direitos consagrados nos artigos 37.º e 38.º da Constituição da República Portuguesa, bem como pelos artigos 1.º, 6.º e 14.º da Lei de Imprensa (Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro), que garantem a liberdade de expressão, a independência editorial e o exercício legítimo da atividade jornalística.