Sexta-feira,Setembro 26, 2025
17.2 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Cuidado: Candida auris é o novo vírus dos hospitais europeus

O fungo resistente Candida auris tem provocado mais de quatro mil casos entre 2013 e 2023 em países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu, com um recorde de 1.346 casos em 2023

O relatório mais recente do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças indica que o Candida auris, também designado Candidozyma auris, se disseminou rapidamente em hospitais da Europa. Em 2023, dezoito países do espaço europeu reportaram casos, registando-se o maior número anual até hoje. Espanha, Grécia, Itália, Roménia e Alemanha concentram a maioria dos episódios conhecidos ao longo da última década.

O fungo apresenta resistência a diversos antifúngicos, sobretudo da classe dos azóis, o que dificulta o tratamento de infecções invasivas. Pacientes com sistema imunitário enfraquecido, internamentos prolongados ou dependentes de dispositivos médicos, como cateteres ou ventiladores, estão em maior risco de desenvolver complicações graves. As taxas de mortalidade em casos de candidemia invasiva variam entre vinte e nove e sessenta e dois por cento, revelando a gravidade clínica da ameaça.

Em Portugal, foi documentado o primeiro caso numa unidade de cuidados intensivos, envolvendo um doente transferido de Angola para transplante hepático. Especialistas nacionais alertam para a necessidade de vigilância reforçada, notificação obrigatória e aplicação rigorosa de medidas de prevenção nos hospitais. No entanto, muitos países europeus ainda carecem de sistemas de monitorização regulares ou de directrizes claras para controlo desta infecção emergente.

O Candida auris pode colonizar pele, mucosas e equipamentos médicos, resistindo durante longos períodos em superfícies hospitalares. A transmissão faz-se por contacto directo com pessoas infectadas ou por contacto indirecto com materiais contaminados. A higienização frequente das mãos, a desinfecção meticulosa de espaços, a esterilização adequada de instrumentos e o isolamento rigoroso de pacientes infectados ou colonizados são medidas essenciais para conter a propagação.

O aumento rápido de casos demonstra que o fungo deixou de ser uma raridade para se tornar um problema endémico em diversos sistemas hospitalares europeus. Para travar esta expansão, torna-se urgente reforçar a vigilância epidemiológica, harmonizar protocolos nacionais e assegurar capacidade laboratorial que permita o diagnóstico precoce.

Com o primeiro caso já confirmado em Portugal e centenas de novos registos anuais noutros países europeus, o Candida auris assume-se hoje como uma ameaça concreta à saúde pública. O controlo desta emergência depende de uma acção coordenada entre autoridades sanitárias, profissionais de saúde e centros de investigação, com o objectivo de proteger os doentes mais vulneráveis e travar a disseminação do fungo resistente.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor