O Conselho Constitucional de Moçambique anunciou oficialmente que Daniel Chapo tomará posse como novo Presidente da República no dia 15 de janeiro, sucedendo Filipe Nyusi. A eleição de Chapo, proclamado vencedor com 65,17% dos votos nas eleições gerais de 9 de outubro, tem gerado ampla contestação, especialmente nas ruas das principais cidades do país.
A decisão do Conselho Constitucional, que é a última instância em contenciosos eleitorais, confirmando a vitória de Chapo, não foi bem recebida pelos opositores. Grupos pró-Venâncio Mondlane, que reivindicam a “verdade eleitoral”, têm levado a cabo protestos violentos desde a divulgação dos resultados. Mondlane, que obteve apenas 24% dos votos, nega os resultados e declara-se o verdadeiro vencedor. Os manifestantes têm levantado barricadas, saqueado lojas e enfrentado a polícia em confrontos que já resultaram em dezenas de mortes e centenas de feridos. Segundo organizações da sociedade civil, os confrontos já causaram quase 300 mortos e mais de 500 feridos, sendo disparos da polícia uma constante tentativa de desmobilização dos protestos.
Chapo, que foi apresentado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) como uma “proposta jovem”, será o primeiro chefe de Estado nascido após a independência do país. A sua ascensão à Presidência ocorre no ano em que Moçambique celebra 50 anos de independência, um marco importante, mas também o mais contestado em termos eleitorais desde o início da democracia em 1994.
A contestação não se limita apenas aos manifestantes que apoiam Mondlane. Na corrida eleitoral, Chapo também enfrentou outros candidatos, como Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), e Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Mondlane, que lidera a oposição a partir do estrangeiro, já anunciou que tomará posse no mesmo dia 15 de janeiro, conforme uma mensagem publicada em suas redes sociais. Ele prometeu divulgar mais detalhes sobre a “Ponta de Lança”, a próxima fase da sua mobilização, que promete acirrar ainda mais a tensão política e social em Moçambique. A situação permanece volátil, com a população e a comunidade internacional atentas à evolução dos protestos e à resposta do governo.