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Demolições de barracas dominou o debate de Loures na SIC

Foi um tema que muita tinta fez correr no verão e, na reta final dos debates autárquicos, o Talude não faltou no debate dos candidatos a Loures desta terça-feira, na SIC Notícias. Louvando o “sucesso” da recente reunião com o ministro das Infraestruturas e Habitação, o presidente da Câmara e candidato socialista, Ricardo Leão, proclamou que o concelho vai ser o “primeiro” a resolver o problema das barracas. E sublinhou que tal só foi possível porque a autarquia conseguiu “estancar” a construção de novas habitações ilegais.

Ricardo Leão, do PS, Nelson Batista, da coligação PSD/CDS, Gonçalo Caroço, da CDU, Bruno Nunes, do Chega, Luís Sousa, da coligação Bloco de Esquerda/Livre/PAN, e Luís Martins, da Iniciativa Liberal, estiveram em debate na SIC Notícias, no caminho para as eleições autárquicas de 12 de outubro.

O atual autarca, Ricardo Leão, do PS, que tem estado no centro da polémica por causa das demolições de barracas no concelho, começou o debate por negar qualquer semelhança com o Chega. “Não há comparação possível”, declarou. No entanto, atira: “O espaço é meu e a forma como o resolvo é minha”.

O atual autarca e recandidato tentou ganhar pontos mostrando a “herança” que recebeu do anterior executivo na Câmara de Loures – que, até há quatro anos, era liderada por Bernardino Soares, da CDU. Ricardo Leão afirma que, quando tomou as rédeas, havia “14 milhões de euros em dívida e 55% de incumpridores” no pagamento das rendas da habitação social. “Neste momento são 15%”, apontou, concluindo que tem de haver “direitos e deveres para todos”.

Fazendo a defesa da honra da CDU, o atual candidato a representar esta cor política, Gonçalo Caroço, notou que o PS se “esquece” de dizer que, antes de a CDU chegar à autarquia, o executivo PS lhe deixara “10 milhões de euros de dívida”.

O candidato comunista afirma também que Ricardo Leão fala de “deveres e direitos”, mas que, em Loures, “os deveres são só para alguns e os direitos para muitos não existem”. Aponta, como exemplo, que a água aumentou 22% para a população, mas que algumas juntas de freguesia têm dívidas de contas de água na ordem dos 350 mil euros e que não as pagam.

Pela coligação PSD/CDS, que há quatro anos fez um acordo de governação municipal com o PS, Nelson Batista rejeita ter “dado a mão” aos socialistas. “O que fizemos há quatro anos foi em nome da coerência e estabilidade para o concelho”, declarou, referindo que quer “nivelar Loures por cima” e não ouvir o nome da terra sempre pelas “más notícias”.

“O PS é o PS e o PSD é o PSD”, sublinha.

Chega nasceu em Loures

O candidato do Chega é o deputado Bruno Nunes, que repara como o partido tem origens naquela cidade. “O projeto do Chega nasceu em Loures com André Ventura”, referiu.

Bruno Nunes frisa, contudo, que “há mais de 20 anos que faz política no concelho”, numa tentativa de se demarcar da imagem de André Ventura, que aparece ao seu lado em todos os cartazes nas autárquicas.

“O facto de André Ventura estar ao meu lado nos cartazes é um reflexo de que nunca abandonámos Loures”, sustentou.

À esquerda, Luís Sousa, que pertence ao Livre, encabeça uma candidatura conjunta do Bloco de Esquerda, Livre e PAN. E também ele salienta as origens do Chega em Loures, mas como ponto negativo.

“Loures é politicamente conhecida por ter sido “o laboratório da extrema-direita”, declarou.

“Nasceu com o apoio do PSD.”

Ricardo Leão juntou-se para ajudar: “André Ventura foi uma invenção do PSD”. Mas Luís Sousa acusa o atual autarca socialista de também ele, tal como o líder do Chega, ter adotado um “discurso violento” e atira que dentro do PS “muita gente ficou desconfortável” com as posições tomadas pelo presidente da Câmara de Loures.

Já Luís Martins, da Iniciativa Liberal, apareceu no debate manifestando a crença de que vai conseguir entrar no executivo da Câmara de Loures.

O liberal afirma que o seu sonho é ver Loures a ter crescimento, manifestando a visão de “um Tagus Park” de Loures e umas “docas” no rio Trancão.

“É preciso criar riqueza para a distribuir. Há pessoas que parece que querem começar pela distribuição”, frisou.

Polémica das barracas

É o tema que levou Loures para as bocas do país: a demolição de habitações ilegais no Bairro do Talude, em Loures. Uma decisão da autarquia que gerou controvérsia, mas que Ricardo Leão veio defender neste debate. Garantiu que vai “resolver o problema” e “estancar as novas construções”.

O autarca socialista diz que é mentira que os moradores tenham dormido na rua, depois das demolições no bairro. Acusa o Movimento Vida Justa de instrumentalizar essas famílias e associa os membros desses movimentos às candidaturas autárquicas do Bloco de Esquerda e da CDU.

“É muito injusto dizer-se às pessoas que caíram nessa teia que construir um barraco é o mesmo que ter uma casa.”

Luís Sousa, da coligação Bloco de Esquerda, Livre e PAN, garante que os partidos que formam esta coligação não estão ligados ao Movimento Vida Justa, mesmo que se preocupem com o mesmo tema. E insiste que as famílias do bairro, de facto, tiveram de dormir ao relento. “Faz-lhe falta ir ao terreno e ver as coisas”, disse Luís Sousa a Ricardo Leão.

“Eu estive lá e vi as pessoas a dormirem em tendas”, referiu.

Para Bruno Nunes, do Chega, a coligação de esquerda não conhece Loures e o Bairro do Talude tem sido palco para “aproveitamento político”.

“Barracas não são casas. Aquilo é uma vergonha”, apontou.

Gonçalo Caroço, que foi vereador na câmara durante o anterior executivo da CDU, lembrou que, na altura, derrubou “centenas de barracas”. “Não é aí que está o problema. É como é feito.”

“O PS meteu-se num gueto político com o PSD e o Chega”, acusa.

Tolerância zero

O PSD/CDS dá “tolerância zero” às barracas e defende fiscalização antecipada, para evitar que a construção ilegal possa sequer ser erguida.

Quanto aos imigrantes que compõem a população do bairro, diz que “são todos bem-vindos quando vêm para trabalhar, não para viver em barracas e causar insegurança”.

Naquela que foi a declaração mais controversa de todo o debate, o candidato da Iniciativa Liberal, Luís Martins, defendeu que, sim, as tendas podem ser soluções para os moradores ilegais do Talude.

“Temporariamente, podem ir para tendas, se for por dias. Para contentores, se for por semanas. Habitação modelar, se for para meses.”

“É uma solução rápida”, insistiu, sob o escárnio de todos os restantes candidatos.

“Isto é para dar conteúdo ao Ricardo Araújo Pereira este fim de semana”, atirou Bruno Nunes, do Chega.

O candidato liberal também considera que tem existido “aproveitamento” no Talude, mas por parte do presidente da câmara. E quanto a soluções para a habitação, defende a desburocratização, de forma a facilitar construção de novas casas.

Mobilidade

Com a Mobilidade como tema final do debate, a há muito antecipada chegada do Metro a Loures foi um ponto que não pôde ficar de fora.

Nelson Batista, do PSD/CDS, assegura que a ida do Metro de Lisboa até Loures é agora “uma realidade”. O projeto, refere, está em fase de adjudicação e, dentro de um mês, deverá avançar.

O social-democrata manifesta-se, contudo, contra os projetos da Linha Circular (que, aponta, dificultará a chegada dos lourenses ao centro de Lisboa) – e garante que já o comunicou ao Governo de Luís Montenegro, que tem a mesma cor política

Para Luís Martins, da Iniciativa Liberal, o projeto da linha de Metro concebido para Loures – a “Linha Violeta” – mais “aparenta ser um metro do século XIX”. Declara-se, por isso, contra esta solução.

Por sua vez, Ricardo Leão, do PS, diz que, enquanto autarca, está a conseguir avanços que o anterior executivo da CDU não conseguiu, porque relegava as responsabilidades para o Governo.

Mas aos olhos de Gonçalo Caroço, da CDU, este é o executivo do “agora é que é”: está sempre a dizer que agora é que vai resolver os problemas, quando eles já deviam ter sido resolvidos. Para o candidato da CDU, a câmara municipal “pode e deve” trabalhar com o Governo para trazer soluções ao município.

Quanto a Bruno Nunes, do Chega, critica a anterior gestão CDU e diz que foi a falta de capacidade de negociação de Bernardino Soares que levou a uma “desertificação às portas de Lisboa”.

Luís Sousa, da coligação Bloco de Esquerda, Livre e PAN, salienta a importância da ferrovia e do reforço das carreiras rodoviárias – sobretudo nas ligações dentro do concelho, ainda mais do que na ligação a Lisboa.

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