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Dia Internacional Da Consciência

Inspirado pela coragem de Aristides de Sousa Mendes, desde 2004 que o ‘Dia da Consciência’, é celebrado em 17 de junho, dia em que ele, perante a deportação dos judeus para os campos de extermínio, tudo fez e a tudo se sujeitou para que fugissem de França.

Desde 2011, o Brasil celebra, a 10 de novembro, o “Dia da Consciência Negra”, para lembrar e combater o racismo. As Nações Unidas, porém, em 2019, designaram o dia 5 de abril como o seu “Dia Internacional da Consciência”. Presentemente, entre nós, há quem manifeste o desejo de que haja uma só celebração. Seja como for no futuro, nesse dia 5 de abril, teremos como referência Aristides de Sousa Mendes, o “homem perito em humanidade, justo entre as nações”, como afirmou o Papa Francisco. Motivado pelos seus valores cristãos e humanistas, com coragem, esperança e solidariedade fraterna, seguiu a voz da sua consciência, tendo salvado milhares de judeus, perseguidos e refugiados. O “Comité do Dia da Consciência”, devido à grave situação de milhões de refugiados em todo o mundo, achou que se deveria dedicar toda essa semana de abril, à problemática dos refugiados, tendo também em atenção a carta que Francisco enviou, em 10 de fevereiro, aos bispos dos Estados Unidos, país que enfrenta um programa de deportação em massa com a repatriação de milhões de imigrantes e refugiados.

Foto: D. R. – Aristides de Sousa Mendes

 

Um Estado de direito respeita as suas leis e deveres, trata dignamente todas as pessoas, sobretudo as mais pobres e marginalizadas. Francisco exorta os católicos a que “não cedam às narrativas que discriminam e fazem sofrer desnecessariamente os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”, pois, “somos todos chamados a viver na solidariedade e na fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar os muros da ignomínia e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos.”

Nessa carta, ele expressa proximidade aos bispos nestes “momentos delicados” e afirma que aquilo “que se constrói sobre a força, e não sobre a verdade da igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal”. Este ato de “deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a própria terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do meio ambiente, fere a dignidade de tantos homens e mulheres, de famílias inteiras, e coloca-os num estado de particular vulnerabilidade”. E mais diz que uma “consciência corretamente formada não pode deixar de expressar um julgamento crítico e discordar de qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, a condição ilegal de alguns migrantes com a criminalidade”. E se é legítimo o direito de uma nação “se defender e de manter as próprias comunidades a salvo daqueles que cometeram crimes violentos ou graves enquanto estavam no país ou antes de chegar nele”, o ato da deportação, porém, é sempre uma ferida na dignidade humana.

Jesus, Maria e José que tiveram de emigrar “para o Egito e lá se refugiaram para escapar da ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e a consolação dos emigrantes e dos peregrinos de todas as épocas e de todos os países, de todos os refugiados de qualquer condição que, assaltados pela perseguição ou pela necessidade, são obrigados a deixar a pátria, a sua querida família e os seus queridos amigos para ir para uma terra estrangeira.”

Estamos chamados “a viver na solidariedade e na fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar os muros da ignomínia e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos”. Deus quis deixar o homem entregue à sua própria liberdade e decisão, para que procedesse “segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja, movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa” (cf. GS17). É no fundo da própria consciência que ele “descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo”. Há no coração do homem “uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser”. É pela fidelidade à voz da consciência, que estamos “unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social” (GS16).

A formação da consciência acontece desde criança, a qual implica uma educação prudente na descoberta dessa lei interior que ninguém impôs a si mesmo mas à qual deve obedecer. A Quaresma é um tempo propício para afinar as sons da consciência e harmonizar a polifonia da vida sob a batuta da verdade e da beleza, do bem.

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Antonino Dias
Antonino Dias
“É a logica que faz prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado, lógica de quem se opõe à violência dos que se servem da riqueza e do poder, da injustiça e da indiferença para humilhar e explorar os outros”, disse D. Antonino Dias - 22/11/2019".

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