Um estudo coordenado por Filipe Grilo, da Porto Business School, revela que a digitalização contribuiu para um aumento de treze por cento do produto interno bruto português, impulsionando em dezanove por cento o emprego e em treze por cento os salários, segundo dados divulgados em 24/10/2025.
O relatório, elaborado pela Associação da Economia Digital (ACEPI) e pela consultora GoingNext, em parceria com a Porto Business School, foi apresentado à agência Lusa e sublinha que a transformação digital não se limita às empresas tecnológicas. O estudo mostra que sectores como a indústria, o retalho, a agricultura, a logística e o turismo beneficiaram directamente da integração de ferramentas digitais nas suas operações.
Segundo Filipe Grilo, coordenador científico do projecto, «este impacto vai muito além das empresas tecnológicas: abrange todos os sectores que integram ferramentas digitais nas suas operações». A análise destaca ainda que a inteligência artificial (IA) se tornou o principal motor de produtividade e disrupção no tecido económico nacional.
Inteligência artificial como motor de produtividade
A investigação aponta a IA como elemento central da nova vaga de crescimento económico. A sua aplicação em processos de automação, análise de dados e personalização de serviços tem permitido ganhos de eficiência e competitividade. O estudo refere que a utilização de algoritmos avançados está a transformar desde a gestão de cadeias de abastecimento até ao atendimento ao cliente, criando novas oportunidades de negócio.
Os autores sublinham que a IA não substitui somente tarefas repetitivas, mas potencia a criação de novos modelos de trabalho e de inovação. Esta dinâmica tem contribuído para a valorização salarial em sectores que adoptaram soluções digitais de forma mais intensiva.
Emprego e salários em crescimento
Segundo os dados recolhidos, a digitalização foi responsável por um acréscimo de dezanove por cento no emprego em Portugal. Este crescimento está associado à criação de novas funções ligadas à gestão de plataformas digitais, ao desenvolvimento de software e à análise de dados. Paralelamente, os salários registaram uma subida média de treze por cento, reflexo da procura crescente por competências digitais.
O estudo alerta, contudo, para a necessidade de reforçar a formação e a requalificação profissional, de modo a garantir que a força de trabalho acompanha a velocidade da transformação tecnológica. A aposta em programas de capacitação digital é considerada essencial para evitar desigualdades no acesso às novas oportunidades.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar dos resultados positivos, os investigadores salientam que a digitalização coloca desafios significativos, nomeadamente em matéria de cibersegurança, privacidade de dados e adaptação das pequenas e médias empresas. Filipe Grilo defende que «a consolidação deste crescimento exige políticas públicas que incentivem a inovação e a inclusão digital em todo o território».
O relatório conclui que a economia portuguesa se encontra numa fase de transição estrutural, em que a digitalização e a inteligência artificial assumem um papel determinante no aumento da produtividade e na competitividade internacional. A continuidade deste processo dependerá da capacidade de empresas, instituições e trabalhadores em adoptarem de forma equilibrada as novas tecnologias.








