Foi lançada uma petição para a abertura urgente de todas as vagas em medicina geral e familiar. Aderiram apenas 219 médicos às últimas 582 vagas abertas, num concurso que os clínicos voltaram a criticar a demora e falta de mobilidade. A Ordem dos Médicos fala em falhas gritantes na colocação dos novos especialistas.
Está em circulação a petição “É urgente abrir todas as vagas em Medicina Geral e Familiar e garantir concursos de mobilidade regulares”, cuja primeira subscritora é a médica de família Inês Rosendo.
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) já se associou a esta iniciativa e reafirma que “Portugal vive uma crise crescente no acesso aos cuidados de saúde primários. A falta de médicos de família em várias regiões do país compromete seriamente a resposta do Serviço Nacional de Saúde às necessidades das populações. Paradoxalmente, continuam por abrir muitas vagas em Medicina Geral e Familiar (MGF) — não por falta de profissionais formados, mas por ineficiência e rigidez no processo de colocação”.
No texto que contextualiza a petição é relembrado que “ao não se abrirem todas as vagas existentes no mapa de recursos do SNS, cria-se um bloqueio artificial: os médicos recém-especialistas são forçados a escolher entre vagas que não correspondem às suas preferências geográficas ou profissionais, levando muitos a não concorrer a nenhuma.
“Como consequência, locais onde há efetiva carência de médicos permanecem sem cobertura, e profissionais qualificados ficam à margem do sistema público. É urgente corrigir esta disfunção. Exige-se a abertura de todas as vagas disponíveis em MGF, permitindo que cada médico possa escolher em liberdade e com justiça o seu local de trabalho, e garantindo que todas as populações tenham acesso a cuidados médicos continuados e de qualidade”, garantem os promotores desta petição.
É ainda ressalvado que “a valorização da Medicina Geral e Familiar — base do sistema de saúde — começa por respeitar os profissionais que a exercem e as populações que dela dependem. “Não podemos continuar a desperdiçar médicos formados, nem a deixar comunidades sem cuidados primários por inércia administrativa. Abrir todas as vagas e garantir condições para que sejam ocupadas não é apenas uma exigência justa; é uma urgência nacional”, salientam.