O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) prevê um abrandamento significativo do crescimento económico de Angola em 2025, estimando uma taxa de apenas 4%, ao mesmo tempo que antecipa uma inflação persistentemente elevada, acima dos 20%.
Num relatório enviado aos clientes e divulgado pela agência Lusa, o BFA alerta para os desafios estruturais profundos que continuam a limitar o dinamismo da economia angolana. Segundo os analistas, o crescimento de 4% será fortemente impulsionado pelo setor diamantífero, sobretudo pelo reinício das operações na mina de Luele, ocorrido no final de 2023, e pela intensificação das atividades em outras unidades produtivas.
Apesar da expansão do setor mineiro, o BFA reconhece que o consumo privado permanecerá enfraquecido, com impactos diretos em áreas como o Comércio, que deverá registar um crescimento inferior à média nacional. Ainda assim, o setor da Construção poderá beneficiar de melhorias no acesso ao financiamento, representando um ponto de esperança no cenário económico.
Relativamente à inflação, o cenário permanece preocupante. O BFA estima que a taxa inflacionista oscile entre 21% e 22% no final do ano, um dos níveis mais altos entre os países africanos. Entre os principais fatores identificados para a pressão inflacionista estão a subida do preço do gasóleo, no contexto da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, os efeitos dos ajustamentos salariais no setor público e a evolução desfavorável dos preços alimentares no mercado internacional. Ainda assim, os especialistas antecipam um ligeiro alívio da inflação nos últimos meses do ano.
Estas previsões surgem num contexto internacional igualmente menos favorável. Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) como o Banco Mundial procederam a revisões em baixa das suas projeções para Angola. O FMI espera agora um crescimento económico de apenas 2,4% em 2025, face aos 2,8% anteriormente estimados. O Banco Mundial, por sua vez, reduziu a sua previsão de 2,9% para 2,7%, apontando ainda para um agravamento da inflação que poderá atingir os 25%, muito acima dos 16,1% estimados há seis meses.
Com uma inflação de dois dígitos e uma economia excessivamente dependente do setor extrativo, Angola enfrenta um ano de grandes desafios, exigindo reformas estruturais profundas e medidas eficazes de controlo dos preços para evitar o agravamento das condições de vida da população.