Menor fator de utilização nos parques eólicos, um preço médio mais baixo e atrasos nos projetos em curso nos Estados Unidos e na Colômbia penalizaram os resultados da EDP Renováveis no primeiro semestre. Mas, mesmo assim, obteve lucros de 102 milhões de euros.
A EDP Renováveis teve lucros de 102 milhões de euros entre janeiro e junho, menos 62% do que no primeiro semestre de 2022, segundo informação da empresa publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A empresa, que tem sede em Madrid e está cotada na Bolsa de Lisboa, explicou que no segundo trimestre do ano a geração de energia renovável “foi particularmente fraca”, penalizada pelo efeito do fenómeno meteorológico conhecido como El Niño, que afetou as eólicas nos Estados Unidos.
Neste período, e mais em concreto entre março e junho, a geração de energia renovável também foi afetada “por um maior congestionamento da rede elétrica em Espanha”, segundo a EDP Renováveis.
Mas, um facto é que a EDP Renováveis obteve nos primeiros seis meses do ano um lucro de 80 milhões de euros, menos 70% do que o resultado líquido alcançado no mesmo período do ano passado, revelou quarta-feira a empresa em comunicado ao mercado.
O ganho no segundo trimestre foi de apenas 15 milhões de euros, depois de um primeiro trimestre em que o resultado líquido da empresa de renováveis controlada pela EDP ascendeu a 65 milhões de euros.
Segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a receita total da EDP Renováveis de janeiro a junho foi de 1225 milhões de euros, menos 1% do que em 2022, e o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) encolheu 23%, para 754 milhões de euros.
Apesar de a capacidade instalada da empresa ter crescido, de 13,8 para 15,1 gigawatts (GW), o fator de utilização dos ativos da EDP Renováveis piorou, recuando de 33% para 30% e o preço médio de venda da eletricidade baixou 8%, para 59,7 euros por megawatt hora (MWh).
Esta descida do preço de venda é justificada pela empresa com uma revisão regulatória em Espanha, preços de mercado mais baixos no resto da Europa e também um efeito temporário de preços mais reduzidos no Brasil antes de os parques começarem a operar nos termos dos contratos de longo prazo que firmaram.
Custos operacionais subiram
Por outro lado, os custos operacionais subiram 10% face ao ano anterior, o que a EDP Renováveis explica com o efeito de medidas regulatórias na Roménia e Polónia, custos de pessoal mais elevados (o número de trabalhadores subiu 11%) e o impacto da inflação.
Além disso, a empresa registou ainda 41 milhões de euros de outros custos relacionados com atrasos de projetos nos Estados Unidos da América e na Colômbia, que também penalizaram as contas deste primeiro semestre de 2023.
Se os efeitos extraordinários não forem considerados o resultado líquido recorrente da EDP Renováveis até junho foi de 102 milhões de euros, menos 62% do que em 2022.
No final de junho a dívida líquida da EDP Renováveis ascendia a 5,68 mil milhões de euros, mais 748 milhões do que no final de 2022. O rácio dívida líquida/EBITDA agravou-se de 2,3 para 2,9.
O grupo EDP apresentou os resultados do primeiro semestre ontem, quinta-feira, depois do fecho da bolsa portuguesa.