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Escolha de cabo com “núcleo de corda de plástico” na origem do acidente

Uma nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) aponta pistas, entre as quais a mudança do tipo de cabo utilizado no ascensor e o não funcionamento dos sistemas de travagem. Segundo o Express, o acidente poderá ter sido provocado pela substituição do cabo de aço original por outro com núcleo em fibra. Especialistas apontam falhas na fixação do novo cabo, no sistema de travagem e na manutenção do elevador como possíveis causas da tragédia. Entretanto, a Carris lançou esta sexta-feira uma nova carreira (51E) para servir de alternativa ao elevador da Glória, em Lisboa. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, rejeita retirar, para já, qualquer conclusão em relação às causas do acidente com o elevador da Glória.

A substituição do cabo que suportava o Elevador da Glória pode estar na origem do trágico acidente que, no passado dia 3 de setembro, provocou a morte de 16 pessoas e fez mais de 20 feridos. O cabo original, totalmente em aço, foi substituído há seis anos por um novo com núcleo em fibra. Apesar da mudança de material, manteve-se o mesmo sistema de fixação ao elevador — e é precisamente esse o fator que pode ter provocado o acidente.

A notícia é avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso, com base em declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST) e no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Segundo os especialistas, em causa está uma alteração feita há seis anos, altura em que se substituiu um cabo totalmente em aço para um formado por seis cordões de aço com “alma em fibra”. Conforme explicam, o núcleo do cabo passou a ser constituído por uma “corda” que se “deformou” de forma irreversível quando foi apertada e que continuou a deformar-se ao longo dos meses, perdendo volume e levando o cabo a soltar-se.

A questão é que, apesar desta alteração, o sistema de amarração manteve-se e, com o tempo, o cabo terá perdido resistência ao aperto feito no trambolho. É que “há dilatações, vibrações e a compatibilidade entre ambos os materiais é diferente do que se fosse aço com aço”, explica ao semanário Pedro Amaral, engenheiro de materiais.

O relatório aponta ainda falhas nos travões, que, sem o cabo, não foram capazes de imobilizar as cabinas em movimento. Ou seja, tratava-se de um sistema sem redundância de segurança.

Há também críticas à manutenção feita horas antes do acidente: os especialistas consideram que o tempo dedicado foi claramente insuficiente.

Moedas não quer especular

Em reação a esta notícia, Carlos Moedas diz que não quer especular nem tirar conclusões precipitadas. “O que eu não quero são conclusões precipitadas”, disse. “Temos de deixar a investigação decorrer e não especular”, acrescentou.

Carlos Moedas, que falava à margem da cerimónia de comemoração dos 134 anos da Polícia Municipal, afirmou aos jornalistas que a mudança do cabo “foi feita há seis anos” e, portanto, é “anterior a esta administração” da Carris, que tomou posse em 2022, depois de também a câmara ter mudado de mãos.

“Vamos investigar até à última consequência. Estas decisões que são tomadas têm influência no futuro”, comentou o autarca, insistindo: “A investigação tem de decorrer e não podemos especular. Mas é verdade que uma decisão de há seis anos pode ter tido este impacto,” defendeu.

 “É importante continuarmos a investigar e vamos investigar até à última consequência”, garantiu Moedas, sublinhando: “Obviamente que esta administração da Carris virá aqui responder a todas as perguntas, mas isto é anterior a esta administração”.

A Câmara de Lisboa quer um novo sistema tecnológico para o futuro elevador da Glória. Carlos Moedas anunciou que a autarquia está a suportar os custos das famílias das vítimas em Lisboa.

Carreira alternativa já está a funcionar

Entretanto, também esta sexta-feira, a partir das 7h00, começou a funcionar uma carreira alternativa ao Elevador da Glória, que está suspenso desde o acidente que aconteceu na semana passada. Trata-se da carreira 51E, de acordo com a Carris.

A carreira ’51E Glória-Circulação Largo do Carmo’ tem início nos Restauradores e passa pelo Rossio, Rua do Ouro, Rua da Conceição, Rua Nova do Almada, Rua Garrett, Calçada do Sacramento, Largo do Carmo, Largo da Trindade, Rua da Misericórdia, Rua das Taipas, Praça da Alegria e Avenida da Liberdade, regressando depois aos Restauradores.

O percurso será assegurado por mini autocarros elétricos, com circulação diária entre as 7h00 e as 21h30.

“Esta carreira irá funcionar temporariamente, continuando a garantir o acesso e a mobilidade entre os Restauradores e o Bairro Alto/ Largo do Carmo”, explicou a transportadora, em comunicado.

A 51E vai funcionar entre as 7h e as 21h30 no seguinte percurso: Restauradores/Rossio/Rua do Ouro/Rua da Conceição/Rua Nova do Almada/Rua Garrett/Calçada do Sacramento/Largo do Carmo/Largo da Trindade/Rua da Misericórdia/Rua das Taipas/Avenida da Liberdade/Restauradores

Por outro lado, tendo em conta que o elevador da Bica também se encontra encerrado, a Carris recomenda a utilização da carreira 22B Cais Sodré – circulação Príncipe Real, que liga a Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz e funciona todos os dias entre as 07h00 e as 20h30.

O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou no dia 3 de setembro, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

 

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