A Coligação Esquerda Livre manifesta a sua oposição firme à Central Fotovoltaica da Beira (269 MWp) e à Linha Elétrica de 220 kV, atualmente em consulta pública até hoje, 9 de Outubro de 2025, no portal Participa.pt. Adicionalmente desafia os restantes partidos a posicionarem-se publicamente sobre este projeto: vão defender o nosso território, a saúde e a vida das populações — ou ceder aos interesses extrativistas que tratam o interior como zona de sacrifício?
Um projeto extrativista que ameaça a saúde e o território
O projeto em causa representa um modelo extrativista de exploração energética, que não beneficia as populações locais, não reduz as faturas da eletricidade e compromete gravemente a biodiversidade, a paisagem e a saúde pública.
A instalação de 425 600 módulos solares, ocupando mais de 520 hectares, e a construção de uma linha aérea de 33 quilómetros, ameaçam diretamente o Parque Natural do Tejo Internacional e as espécies que justificaram a sua criação — entre as quais o abutre-preto, a águia-imperial-ibérica, o sisão e a cegonha-preta, classificadas como Criticamente em Perigo e Em Perigo.
Estima-se que mais de 7 000 aves selvagens poderão morrer por ano devido à linha de alta tensão.
Serão ainda destruídos sete habitats prioritários de conservação, previstos na Diretiva Habitats, incluindo Montados de Sobreiros e Azinheiras, Matos termomediterrânicos pré-desérticos e Florestas-galeria de salgueiros e amieiros, afetando áreas da Reserva Ecológica Nacional (REN). — cerca de 3.700 hectares em Castelo Branco e 55 hectares em Idanha-a-Nova.
Sem Avaliação de Impacto em Saúde
Apesar da dimensão do projeto e da sua proximidade a zonas habitadas, não foi apresentada qualquer Avaliação de Impacto em Saúde (HIA).
Trata-se de uma região envelhecida, com alta prevalência de doenças crónicas e habitações que já sobreaquecem no verão.
Ignorar o impacto térmico, o ruído, as poeiras e as alterações microclimáticas é violar o princípio da precaução e colocar vidas humanas em risco.
O interior não é território de sacrifício
A Esquerda Livre considera este empreendimento mais um exemplo de “capitalismo verde”, que transforma o interior do país num território de sacrifício, ignorando as pessoas e as comunidades.
Defendemos uma transição energética justa, baseada em projetos solares descentralizados, cooperativos e de pequena escala, instalados em áreas urbanas e edifícios públicos, geridos localmente e com retorno direto para as comunidades.
Apelo à participação pública
A Coligação apela à participação informada de todas as pessoas e entidades na Consulta Pública em curso.
Até 9 de Outubro, é possível manifestar discordância ou apresentar reclamação no portal Participa.pt, selecionando as categorias “Reclamação” ou “Discordância”.
https://participa.pt/pt/consulta/central-fotovoltaica-da-beira-269-mwp-e-linha-eletrica-220kv-de-ligacao-a-resp
A consulta pública é um instrumento de democracia participativa, e a voz da população é essencial para travar este atentado ambiental e social.
Porque a energia deve servir as pessoas e não o lucro.
Porque a saúde humana e ecológica têm de estar em primeiro lugar.
E porque a democracia se faz participando — não assobiando para o lado.