O Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços de Portugal, Pedro Machado, teceu duras críticas à burocracia que afecta o ambiente de negócios em Moçambique, acusando-a de condicionar gravemente o crescimento económico, a criação de emprego e a atracção de investimento.
Durante uma intervenção em Maputo, no âmbito do lançamento do Diretório 2025 — publicação que destaca as potencialidades de Moçambique para o investimento empresarial — Pedro Machado sublinhou que a excessiva carga burocrática continua a ser um entrave decisivo ao desenvolvimento económico do país africano.
“A burocracia é um problema real que afeta as empresas e os empresários. Não contribui para um ambiente económico saudável e, pelo contrário, limita as ambições de crescimento e de desenvolvimento de Moçambique”, afirmou o governante português, em declarações citadas pela comunicação social local.
Pedro Machado salientou que esta realidade não é exclusiva de Moçambique, mas defendeu que cabe ao Estado eliminar estas barreiras e facilitar o trabalho das empresas.
“Quem desenvolve, quem cria negócios, quem cria emprego, quem gera desenvolvimento são as empresas. O Estado não tem que atrapalhar”, disse de forma categórica.
Portugal disponível para apoiar com formação e capacitação
O Secretário de Estado voltou a demonstrar a disponibilidade do Governo português para apoiar Moçambique, sobretudo no domínio da formação de quadros e partilha de experiências na área do turismo e serviços.
“Queremos colocar à disposição de Moçambique a experiência acumulada de Portugal, nomeadamente através do projeto do Hotel Escola e de outras iniciativas que reforcem a presença e a competitividade do país no setor turístico”, afirmou.
Na mesma linha, o governante destacou que Portugal dispõe de uma rede pública de escolas de turismo, sendo o único país europeu com este modelo, e que essa estrutura pode ser adaptada e aplicada em Moçambique para acelerar a formação de profissionais.
Projeto Hotel Escola continua sem sair do papel
Pedro Machado aproveitou a visita à 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim), a maior exposição de bens e serviços do país, para reafirmar o compromisso de Lisboa com o projeto Hotel Escola, uma iniciativa anunciada há décadas, mas que ainda não foi concretizada.
“Esse é sempre o nosso objetivo: estreitar cada vez mais as relações económicas entre os dois países e criar condições para que mais empresas portuguesas possam investir em Moçambique”, afirmou o secretário de Estado, lembrando que Portugal ocupa atualmente o 12.º lugar no ranking mundial de competitividade no setor do turismo.
A visita de Pedro Machado a Moçambique insere-se numa estratégia de reforço da cooperação bilateral, com particular enfoque nos setores da hotelaria, turismo, capacitação técnica e empreendedorismo, áreas que Portugal considera estratégicas para o desenvolvimento sustentável e a diversificação económica de Moçambique.