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Este unicórnio que se lixe

Um estranja chegava agora a Castelo Branco e montava a barraca no Campo da Feira para extrair dinheiro aos putos e aos parolos adultos, numa coisa chamada “A Cimeira da Teia”. Todo estilo mete-nojo, com ténis de marca e óculos redondos, lá convencia os albicastrenses distraídos que ia ser uma coisa tremenda.

Quem quisesse entrar para ver pagava 1200 euros. Se montassem barracas para vender ideias que tinham, mas andavam à procura de investidor, botavam cinco milenas. Mas se fosse patrão com dinheiro, Bentley e amante, dá cá 25 mil contos, em euros, para entrares no Campo da Feira. Ah, e ainda pedia à Câmara e ao Governo a bela soma de um milhão e meio de euros, para montar as barracas, as baiucas, comprar as luzes led nos chineses e uma televisão grande, mas grande.

O Governo e a Câmara, todos contentes, desembolsavam ao estranja o dinheiro todo, ofereciam o arrendamento do Campo da Feira e iam lá falar à parolada e aos putos que vendiam ideias.

Pois é isto que se passa em Portugal, mesmo debaixo dos nossos olhinhos. O estranja chama-se Paddy Cosgrave e a grande feira dá pelo nome de “Web Summit”. Todos os anos, desde 2016, a FIL transforma-se num cadinho do capitalismo selvagem, à volta da Internet e das empresas que estão agora a começar – eles dão-lhe o nome de “start-up”.

Até 2022, data dos mais recentes números, os contribuintes portugueses já enterraram a soma de 28.3 milhões de euros no senhor Cosgrave. O meliante tem aquilo bem pensado. Há umas conferências sobre a problemática, dadas por estrelas internacionais de terceira ordem. E monta as barracas para os putos irem vender ideias. O que acontece? É que os cachopos vendem-se baratos a tubarões do guito e, num instante, perdem os direitos, a patente, a decência do trabalho. Vai tudo comprado pelo senhor Smithlow, da Flórida.

Para animar a festa, com a velha táctica do pau e da cenoura, o Paddy inventou que essas pequenas empresas que fizessem um milhão de dólares ao fim de um ano, ou dois, passavam a ser chamadas de “unicórnios”. Pois, compreendo, os cornos já os puseram aos putos – e como ficou só o capitalista, pimba, transforma-se num pónei cor de rosa a meter dinheiro ao bolsinho, com ideias dos outro.

Além da vergonha de, um destes anos, terem ido para o Panteão, jantar entre os notáveis mortos, Portugal continua a deitar números cá para fora que são de desconfiar. O INE vai dizendo que a feira do relógio de cuco deu já 300 milhões à economia nacional. Só se for em cornos de investidores.

O lucro da feira tem sido, anualmente e em média, de 28 milhões de euros. Isto é: o senhor Cosgrave vem cá de borla, paga-se lhe tudo e ele ainda mete ao bolso uns bons milhões.

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O sr. Cosgrave é merecia um corno com brilhantina. Ou melhor, um hipopótamo todo na moleirinha, para ver se deixava de gozar com os papalvos. É que o rapaz foi fazer uma destas ao Qatar um ano, a ver se dava, mas os árabes, mais espertos, puseram-lhe as malas à porta e mandaram-no à Lisboa. E cá vai estando cantando e rindo, com Portugal a pagar-lhe a barraca.

A gente não sai disto, deslumbres e cornos, já dizia o outro holandês…

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista, autor, (pré-agricultor).

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