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Estradas condicionam desenvolvimento do Sabugal

A inexistência de acessos diretos às principais vias de comunicação nacionais (A23 e A25) está a condicionar o desenvolvimento sustentável do concelho do Sabugal, mas, mesmo assim, a Câmara Municipal tem conseguido dar a volta ao problema e, aos poucos e poucos, vai levando a “água ao seu moinho”, fundamentando as intervenções sobre o seu território na perspetiva de potenciar a sua competitividade territorial, económica e social, contemplando nesse desiderato a necessidade de articular os múltiplos atores intervenientes, bem como os diferentes instrumentos de ordenamento, de gestão e de investimento mobilizáveis.

“Afirmar o Sabugal no contexto regional, como polo de desenvolvimento da Raia Central Ibérica, reforçando a sua identidade e valorizando os seus recursos, alicerçando-o como território sustentável e qualificado, atrativo para viver, investir e visitar”, são alguns dos objectivos do presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Vítor Proença, e que estão espelhados nas grandes opções do Orçamento para 2024, que é “o mais alto dos últimos anos, de quase 35 milhões, e que representa um acréscimo de quase cinco milhões de euros”.

Todavia as grandes aspirações de Vítor Proença de colocar o Sabugal na rota do desenvolvimento esbarram “no muro” da indiferença do poder central que, até hoje, não entendeu ou não quis entender a importância de ampliar a malha rodoviária deste concelho beirão, ligando-o às principais vias rodoviárias nacionais, nomeadamente à A23 (Guarda, Castelo Branco e Santarém) e à A25 (Gafanha da Nazaré, Vilar Formoso, passando pela Guarda).

Aumentar a malha rodoviária, que irá “cortar” as actuais estradas sinuosos que atravessam o concelho, de modo a facilitar as ligações a norte e a Sul, ajuda a atrair empresas nacionais/internacionais dos diferentes ramos, designadamente nos sectores agro-alimentar e turístico, sendo por isso imperativo para quebrar “o isolamento” económico.

A autarquia do Sabugal já assinou um protocolo com as Infraestruturas de Portugal, no valor de 5 milhões de euros, para a construção de uma nova via rodoviária que ligue o município à Guarda (sede do distrito). Neste momento, segundo Vítor Proença, estão a ser desenvolvidos contactos com o novo Governo para a construção, o mais rápido possível, dessa via, que implica um investimento na ordem dos 15 milhões de euros, e que irá “acabar” com o relativo isolamento do concelho e melhorar as ligações a Espanha.

Por outro lado, uma outra reivindicação da autarquia prende-se com a melhoria considerável do acesso de Aldeia do Bispo a Navasfrias (raia espanhola) conjugada com as obras de beneficiação realizadas na ligação desta povoação a Ciudad Rodrigo, poderia resultar numa nova via de comunicação transfronteiriça, reduzindo a periferização do Sabugal e possibilitando uma via mais eficiente de acesso ao norte do Eixo Urbano da Raia Central Espanhola (EURCE) e, num contexto local, potenciar o desenvolvimento turístico transfronteiriço da Serra da Malcata/Sierra de Gata.

Fomentar o turismo e conservar património
Aliás, em termos turísticos, Vítor Proença, que tem várias apostas em termos de turismo da natureza, religioso e cultural, aposta na criação do Museu do Contrabando com um investimento de 1,5 milhões de euros e uma “aposta muito forte” nos recursos hídricos, nomeadamente para a construção de uma rede secundária de água para abastecimento de explorações agrícolas para fazer face aos problemas registados sobretudo no verão.
O executivo conta avançar com um projeto no Rio Côa, que “já tem estudo feito para a recuperação de moinhos de água, poldras e pontões para tornar as estruturas visitáveis, fazendo no concelho os passadiços do Côa”.

Construídos para embelezar ainda as aldeias do Sabugal, os baloiços panorâmicos tornaram-se já uma das atrações mais procuradas por quem cá vive e por quem o visita, adianta Vítor Proença, sublinhando que “no percurso, que abrange seis aldeias do Concelho, existem vários sítios emblemáticos como as ruínas do Sabugal Velho na Serra do Homem de Pedra, na freguesia de Aldeia Velha, onde a atração principal é agora, o baloiço em forma de Forcão. Com cerca de 7 metros de altura e 350kg este baloiço feito pela junta de freguesia de Aldeia Velha, o Centro Recreativo e Cultural de Aldeia Velha e o Conselho Diretivo dos Baldios de Aldeia Velha teve como principal objetivo a homenagem a uma das tradições mais importante do nosso território, a Capeia Arraiana, esta que é Património Cultural Imaterial desde 2011”.

A Câmara do Sabugal convida os visitantes a descobrirem as zonas fluviais de lazer ao longo do rio Côa, designadamente Alfaiates, Badamalos, Fóios, Malcata, Penalobo, Quadrazais, Rapoula do Côa, Seixo do Côa, Vale das Éguas e Vale de Espinho.
A Estação Náutica do Alto Côa, que recentemente recebeu a certificação da Estação Náutica do Alto Côa – ENAC, assume-se como um importante ponto catalisador do turismo no concelho do Sabugal, promovendo a região como um destino de referência para desporto e lazer.

Ainda em termos turísticos, há todo um mundo para descobrir no interior de Portugal e é inegável que o concelho do Sabugal tem um património riquíssimo, umbilicalmente ligadas à formação da nossa nacionalidade, daqueles em que em cada pedra, em cada canto, se conta uma parte da história de Portugal, numa viagem até às 5 Vilas Medievais no Sabugal: Alfaiates, Sabugal, Sortelha, Vila do Touro e Vilar Maior.

Se a Aldeia Histórica de Sortelha, recentemente distinguida como a ‘Melhor Aldeia Turística’, pela Organização Mundial de Turismo, é sobejamente conhecida, existem outras vilas e aldeias que, não tendo o reconhecimento de Sortelha, são uma marca identitária deste território e a sua história é também da história de Portugal como povo.

 

Vida económica centrada na agricultura
Mas não é só no turismo que o Sabugal aposta para “apanhar o comboio” da modernização e desenvolvimento económico. O Município tem procurado melhorar as condições defixação e atracção empresarial, nomeadamente através da infraestruturação de áreas de localização empresarial, com lotes de terreno cedidos a preços simbólicos e a criação do Centro de Negócios Transfronteiriço do Soito, onde alguns pequenos negócios podem encontrar condições adequadas ao seu desenvolvimento.

No entanto, sem intervenções mobilizadoras de recursos, que possam servir de base de sustentação para novas atividades, dificilmente se consegue fixar no Sabugal empresas e atividades que fariam a diferença em termos de inovação, emprego e criação de riqueza.
Desta forma, a criação de um centro de recolha (já a funcionar) e processamento de produtos agrícolas no Soito, assim como o Parque de Leilões de Gado (iniciativa da Coopcoa – Cooperativa Agrícola do Concelho do Sabugal, são alguns dos investimentos/atividades que podem contribuir para reforçar o espírito cooperativo e ganhar massa critica e capacidade para aceder a mercados mais valorizados.

As atividades primárias desempenharam tradicionalmente um papel estruturante no Concelho do Sabugal e, embora se tenha assistido a uma crescente terciarização da economia e na perda de importância económica e empregadora destas atividades, com o consequente abandono dos campos, mantém-se uma forte relevância da dimensão agro-rural na identidade territorial e na economia, dimensão bastante presente na população, sobretudo, numa vertente de produção para auto-consumo e enquanto fonte complementar de rendimentos.

A actividade agrícola assenta, desta forma, sobretudo em pequenas explorações e hortas familiares destinas ao auto-consumo, sendo constituída essencialmente por produtores singulares autónomos, com explorações pequenas e muito pequenas, com um perfil fortemente envelhecido e um baixo nível de habilitações.

O presidente da autarquia, Vítor Proença, apesar dos desafios que pode encontrar pelo caminho, afirma que está a “preparar o futuro do Sabugal com especial enfoque na melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos”, abraçando a “inovação e cuidar do património, seja ele natural, com a continuidade dos projectos centrados na protecção dos recursos hídricos, da Serra da Malcata e das diferentes actividades da fauna do concelho, ou cultural”, designadamente as Capeias Arraianas e o ‘Sabugal Presépio’.

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