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Estrelas “imortais” podem viver para sempre alimentadas por matéria escura, revela estudo

Simulações sugerem que partículas de matéria escura no centro da galáxia poderão manter estrelas eternamente jovens, desafiando as actuais teorias sobre envelhecimento estelar

Durante mais de vinte anos, astrónomos têm registado comportamentos estranhos nas estrelas localizadas nas proximidades do centro da Via Láctea. A luz que emitem indica que são significativamente mais jovens do que deveriam ser, considerando a sua massa e localização. Ao mesmo tempo, é notória a escassez de estrelas antigas e luminosas nesta região densa da galáxia. Estes fenómenos, baptizados de “paradoxo da juventude” e “enigma da velhice”, intrigam os cientistas desde então. Agora, uma nova investigação levada a cabo por investigadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia, sugere que a matéria escura poderá ser a chave para resolver estes dois mistérios.

A matéria escura, que compõe cerca de 85% da massa do universo mas continua invisível e de natureza desconhecida, está presente em grande concentração no centro galáctico. Inspirados por este facto, os investigadores decidiram criar simulações informáticas para explorar o que poderia ocorrer caso partículas de matéria escura colidissem com estrelas nessa região.

Uma fonte eterna de energia

De acordo com a New Scientist, os resultados das simulações foram reveladores. As partículas de matéria escura, ao colidirem com os núcleos atómicos das estrelas, perdem energia e acabam por ficar “presas” no interior dos astros. Se outras partículas forem capturadas no mesmo processo, estas podem acabar por se aniquilar mutuamente, libertando uma quantidade considerável de energia – suficiente para manter a estrela activa, fria e luminosa, mesmo numa fase em que, segundo os modelos tradicionais, já deveria ter colapsado ou arrefecido.

Num ciclo contínuo de absorção e reacção, estas estrelas alimentadas por matéria escura poderiam manter-se num estado de equilíbrio, como se tivessem encontrado uma nova fonte de combustível. Este processo actuaria como um contrapeso à gravidade interna da estrela, impedindo o seu colapso e mantendo-a “jovem” do ponto de vista da sua aparência e emissão de luz.

Segundo o investigador John (apelido não divulgado), em entrevista à New Scientist, “há tanta matéria escura no centro galáctico que esse processo poderia, efectivamente, tornar as estrelas imortais”.

Uma nova forma de entender o ciclo estelar?

A descoberta lança novas luzes sobre o modo como as estrelas evoluem em ambientes extremos. Tradicionalmente, os astros dependem da fusão nuclear para gerar energia. Quando este combustível se esgota, as estrelas entram numa fase final de vida, tornando-se anãs brancas, estrelas de neutrões ou buracos negros. Mas a matéria escura poderá alterar esse destino, ao oferecer uma fonte energética adicional que prolonga artificialmente a vida estelar.

Os cientistas admitem, no entanto, que este é apenas um primeiro passo. Embora as simulações se baseiem em pressupostos amplamente aceites sobre o comportamento da matéria escura, ainda há muitas incógnitas. A complexidade do universo real pode trazer variáveis imprevistas, e os dados observacionais precisam de ser analisados com maior rigor.

Por isso, a equipa pretende agora reforçar a investigação com dados obtidos por telescópios que observam o núcleo da Via Láctea. O objectivo é confirmar, com base em evidências empíricas, se estas estrelas “imortais” realmente existem e como estão a interagir com a matéria escura. Se confirmada, a teoria poderá não só resolver os mistérios do centro galáctico, como também reescrever parte do que se sabe sobre a evolução estelar.

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