Terça-feira,Agosto 26, 2025
33.9 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Estudo Analisa Crítica Social no Caso Anjos vs. Joana Marques

Um estudo académico recém-publicado pela Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (Politécnico de Leiria) revela que o humor em programas de “infoentretenimento” português, como o aclamado Extremamente Desagradável (Rádio Renascença), transcende o entretenimento para se tornar “veículo de educação e mobilização social”. A pesquisa, conduzida por Sofia Pereira, analisou episódios do programa liderado pela humorista Joana Marques, concluindo que a sátira, a paródia e o sarcasmo são ferramentas cruciais para “desconstruir narrativas políticas e sociais” e fomentar o debate crítico.

Conclusões Chave do Estudo

A tese, intitulada O Papel do Humor no Infoentretenimento, destaca que:

1. Temas Privilegiados: Figuras públicas, discursos políticos e controvérsias mediáticas são alvos frequentes, seleccionados para “amplificar a ressonância social” (p. 2).

2. Estratégias Discursivas: Ironia, hipérbole e duplo sentido criam camadas de significado que expõem incoerências do poder, como no episódio que satirizou o “livro do ego de José Cid” (p. 18).

3. Impacto Democrático: O humor facilita a “reflexão crítica” sobre temas complexos, mas pode intensificar polarizações ou banalizar debates (p. 12).

Caso Anjos vs. Joana Marques: Um Exemplo Prático

Estas conclusões ecoam no recente conflito entre o grupo musical Anjos e Joana Marques. Em Junho de 2025, os Anjos acusaram a humorista de promover “humor tóxico” após uma sátira sobre o seu desempenho do hino, alegando desrespeito à sua imagem. Marques defendeu-se, citando o papel do humor como “instrumento de análise social”.

O estudo de Pereira oferece um enquadramento teórico para este embate:

— Representação Crítica: Programas como Extremamente Desagradável usam a paródia para “questionar normas estabelecidas”, incluindo a cultura das celebridades (p. 18).

— Riscos da Sátira: Quando direccionada a figuras não-políticas, pode gerar “exclusão” (p. 12), como alegaram os Anjos.

— Mediação Digital: Plataformas online amplificam tanto o impacto do humor quanto as reacções, um fenómeno abordado na tese (p. 8-9).

Especialistas e Contexto

Carlos Camponez (especialista em Comunicação, citado na tese) reforça que o humor político português “desafia o status quo”, mas exige responsabilidade para evitar reducionistas. Já Gustavo Cardoso (Obercom) nota que 68 por cento dos portugueses consomem infoentretenimento, sendo programas humorísticos os segundos mais populares após noticiários.

Conclusão: Equilíbrio Frágil

A tese alerta para a “natureza ambivalente do humor” (p. 26) — entre a crítica legítima e o risco de trivialização. No caso Anjos/Marques, esse equilíbrio falhou, evidenciando tensões inerentes à cultura mediática portuguesa. Como propõe Pereira, “investigações futuras devem analisar como as plataformas digitais moldam a recepção do humor”, especialmente num país onde o riso e a crítica social são “estruturantes do discurso democrático”.

Fontes:

Pereira, S. (2025). O Papel do Humor no Infoentretenimento. Politécnico de Leiria.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.