Os Estados Unidos anunciaram sanções contra Bidzina Ivanishvili, fundador do partido no poder na Geórgia, Sonho Georgiano, acusando-o de prejudicar o futuro democrático do país em benefício da Rússia. A medida surge no contexto de uma crise política profunda na Geórgia, após as controversas eleições legislativas de outubro de 2024, que foram marcadas por alegações de fraude eleitoral e violência contra manifestantes.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a ação contra Ivanishvili visa a responsabilização por “corroer as instituições democráticas, permitir violações dos direitos humanos e restringir liberdades fundamentais na Geórgia”. Blinken sublinhou que as suas ações têm colocado o futuro euro-atlântico da Geórgia em risco, favorecendo os interesses da Federação Russa. A Geórgia, que sofre com a ocupação de mais de 20% do seu território pela Rússia desde a guerra de 2008, tem enfrentado uma crescente pressão interna e externa quanto ao seu caminho político e geoestratégico.
Em comunicado oficial, Blinken acrescentou que os resultados das últimas eleições, amplamente contestadas pela oposição, tornaram a Geórgia mais vulnerável à Rússia, um país que continua a ocupar territórios da Geórgia e a exercer uma forte influência sobre os seus processos políticos. O partido Sonho Georgiano, liderado atualmente por Irakli Kobajzide, tem sido acusado de orquestrar fraudes eleitorais, alegações que o governo georgiano rejeita categoricamente.
A crise política em curso acentuou-se após a decisão do governo de adiar para 2028 o objetivo de adesão da Geórgia à União Europeia, um compromisso constitucional do país. Esta mudança de rumo provocou protestos em massa nas ruas da capital Tbilissi, onde milhares de cidadãos exigiram a continuidade do processo de integração europeia. As manifestações foram violentamente reprimidas pelas forças de segurança, resultando em dezenas de detenções e confrontos com feridos.
Os Estados Unidos consideram que as ações de Ivanishvili, e do seu partido, têm prejudicado gravemente a democracia na Geórgia e minado a vontade da maioria da população georgiana, que continua a apoiar fortemente a adesão à União Europeia e à NATO. O governo norte-americano também condenou a repressão violenta contra manifestantes, jornalistas, ativistas dos direitos humanos e figuras da oposição, acusando o governo georgiano de tentar silenciar qualquer dissidência política.
Além das sanções financeiras, que incluem o congelamento de bens e ativos de Ivanishvili nos Estados Unidos, este também foi incluído na lista de sanções do Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro norte-americano. A medida impede ainda cidadãos norte-americanos de realizar transações com o empresário e político georgiano.
Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado, afirmou que as relações de Ivanishvili com Moscovo são um dos principais motivos para a aplicação das sanções. Segundo Miller, as suas ações “permitiram violações dos direitos humanos e prejudicaram o futuro democrático e europeu da Geórgia, em benefício da Federação Russa”, alinhando a Geórgia com os interesses de Moscovo, em detrimento das aspirações do povo georgiano.
Esta decisão dos EUA surge numa altura crítica para a Geórgia, que continua a lutar pela sua soberania e estabilidade política enquanto enfrenta os desafios impostos pela sua relação com a Rússia e o seu desejo de se integrar nas estruturas euro-atlânticas.