Aviões reabastecedores norte-americanos estacionados nas Lajes evidenciam prontidão para intervenção militar. Especialista aponta para cenário de reserva estratégica em plena ativação
A Base das Lajes, nos Açores, está a tornar-se um ponto estratégico na preparação de uma possível intervenção militar dos Estados Unidos no Médio Oriente. Nos últimos dias, 12 aviões de reabastecimento da Força Aérea norte-americana foram posicionados na base portuguesa, num sinal claro da intensificação de movimentações militares na região.
O major-general Isidro de Morais Pereira, especialista militar e comentador da CNN Portugal, não tem dúvidas de que estas movimentações significam que “os Estados Unidos põem a possibilidade de virem a intervir diretamente em operações” na zona do Golfo. Segundo o especialista, mais de duas dezenas de aviões de reabastecimento já se encontram deslocados entre a Europa e o Médio Oriente. As aeronaves atualmente nas Lajes estariam prontas para intervir como reforço, caso se concretize uma “grande operação aérea”.

“A presença destes aviões nas Lajes configura uma reserva estratégica”, afirmou Morais Pereira, explicando que a localização da base, a meio do Atlântico, permite uma rápida mobilização para teatros de guerra na Europa ou no Médio Oriente. Apesar de a importância da base ter diminuído em relação a décadas anteriores, continua a ser relevante para o trânsito e apoio logístico de forças militares.
Atualmente, um porta-aviões americano já se encontra no Golfo, e outros dois estão a caminho. A estes somam-se forças britânicas e os mais de 300 caças israelitas — com capacidade limitada de reabastecimento —, cenário que poderá exigir apoio logístico adicional por parte dos Estados Unidos.
Apesar da ausência de confirmação oficial sobre uma intervenção direta dos EUA no Irão, ao lado de Israel, os sinais de preparação acumulam-se. A retirada de pessoal não essencial de diversas embaixadas norte-americanas no Médio Oriente e o destacamento crescente de meios aéreos são interpretados como passos deliberados rumo a uma escalada militar.
Questionado pela agência Lusa sobre a presença dos aviões nas Lajes, o Departamento de Defesa dos EUA respondeu apenas que “o Comando Europeu dos EUA acolhe habitualmente aviões militares (e pessoal) dos EUA em regime transitório”, no âmbito de acordos com aliados e parceiros. “Para além disso, não temos mais nada a partilhar”, acrescentou a mesma fonte.
A Base das Lajes tem servido, ao longo das últimas décadas, como plataforma de apoio a operações da NATO, com missões que vão do reabastecimento aéreo à vigilância marítima e busca e salvamento. Ainda que menos central do que outrora, o seu papel como zona de apoio e reserva logística permanece relevante em tempos de instabilidade geopolítica.