O candidato do Chega à Câmara de Castelo Branco e actual deputado viu levantada a sua imunidade parlamentar para responder em tribunal. Em exclusivo a ORegiões, afirma que o pedido partiu dele próprio. «A ida a tribunal nada tem a ver com empresas que detinha e de que continuo avalista. Trata-se de um assunto pessoal e familiar», confessou aos nossos repórteres. Apesar das explicações, ORegiões reserva-se no direito de não divulgar o caso, por motivos deontológicos e de segredo de justiça.
João Ribeiro pode ter a corda na garganta — e isso preocupa-o. «Sou avalista de duas empresas nas quais tive participação activa até ao final de 2024. Uma, a Rjbn-Transportes, está em liquidação e, se esta não cobrir o pedido dos credores», relata, «terei de desembolsar um valor perto dos 540 mil euros.» O processo é, contudo, moroso, explica o actual deputado do Chega, em entrevista exclusiva a ORegiões. A segunda empresa, que detém com a esposa, dedica-se aos bordados de Castelo Branco e, segundo dados consultados pelo jornal, não apresenta qualquer dívida nem problema fiscal.
O avalista
Embora tenha deixado a direcção da Rjbn-Transportes no final de 2024, João Ribeiro mantém-se como avalista. E ser avalista de uma empresa é assumir as dívidas caso, depois da liquidação dos bens, não haja dinheiro suficiente para pagar aos credores. É essa a posição em que o candidato afirma estar.
Segundo a lei, «o aval pode ser executado por parte ou pela totalidade da dívida, bastando uma assinatura no verso do documento». A figura do aval é particularmente relevante no mundo empresarial, sendo muitas vezes a única forma das pequenas e médias empresas obterem financiamento bancário.
João Ribeiro tem, assim, uma responsabilidade solidária. O devedor e o avalista partilham a mesma obrigação perante o crédito. Em caso de incumprimento, a entidade credora pode accionar o património de qualquer um deles. O actual candidato do Chega à Câmara Municipal de Castelo Branco pode, por isso, ter de desembolsar uma soma avultada.
Caso mal parado
Apesar do cenário adverso, João Ribeiro garante não fugir à luta. «Tenho a minha cadeira de sonho na presidência da Câmara da minha cidade e vou até ao fim», afirma com determinação.
Questionado sobre a origem dos fundos para cobrir uma eventual dívida, responde sem hesitar: «Tenho negócios desde os 18 anos. Uns correram bem, outros mal», sinalizando ter capacidade financeira para responder ao encargo, caso seja necessário.
O candidato reconhece que a situação pode afectar a sua estabilidade pessoal e financeira, mas mantém uma calma surpreendente perante o risco de execução fiscal e bancária. «Após a liquidação, a empresa terá de esperar mais um ano para verificar se surgem novos credores. Só então se saberá quanto, ou não, terei de pagar», acrescenta.
Uma queixa
Apesar da batalha financeira, João Ribeiro lamenta sentir-se ostracizado pela comunicação social local. «Sou o deputado de Castelo Branco que mais faz, mas a imprensa da minha terra ignora-me», queixa-se, valorizando o espaço agora dado por ORegiões.
O deputado, de 37 anos, promete dar uma nova centralidade ao concelho e à capital de distrito. A Câmara de Castelo Branco é actualmente liderada pelo socialista Leopoldo Rodrigues, que deverá recandidatar-se. Em declarações anteriores, João Ribeiro questionava: «Como é que uma capital de distrito se deixou parar no tempo? Está parada no tempo e tem de se criar uma nova dinâmica em Castelo Branco.»
