O Ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Noël Barrot, sugeriu ontem que a Índia e a América Latina são regiões estratégicas para diversificar as relações comerciais da União Europeia (UE), em resposta ao crescente protecionismo praticado pelos Estados Unidos.
Durante a sua intervenção na Conferência de Segurança de Munique, Barrot afirmou que “o mundo está ansioso por ter uma relação comercial connosco [europeus]” e sublinhou que a Índia e a América Latina devem ser consideradas regiões prioritárias para a construção de uma relação comercial mais forte e ampla. O ministro francês defendeu que a UE tem ao seu dispor “instrumentos de dissuasão”, além de “respostas diretas” às tarifas comerciais impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, uma referência clara às medidas protecionistas adotadas pelo governo dos EUA nos últimos anos.
Barrot destacou ainda que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, conduzida durante o anterior mandato de Trump, acabou por ser um “fiasco” para os interesses norte-americanos, evidenciando a falibilidade de políticas isolacionistas.
Em relação à defesa, o ministro francês apelou para que a União Europeia busque uma maior autonomia em relação aos Estados Unidos, lembrando que o país nunca foi tão influente como quando participou ativamente na ordem internacional. A postura de Barrot sugere uma mudança estratégica em que a UE busca diversificar os seus parceiros e fortalecer a sua independência face ao protecionismo global.
Esta posição surge num momento de crescente tensão nas relações comerciais internacionais, com muitos países a procurarem alternativas ao mercado norte-americano, mais marcado pelo nacionalismo económico e barreiras tarifárias. A aposta na Índia e na América Latina surge como uma resposta à instabilidade comercial global e à necessidade de garantir novos caminhos para o crescimento económico da Europa.