O novo primeiro-ministro francês, François Bayrou, apelou esta sexta-feira à estabilidade política e à reconciliação nacional, salientando que existe um “caminho” para superar a atual instabilidade política que assola o país. A sua declaração surge à véspera do primeiro Conselho de Ministros do Governo, marcado para o início de janeiro, que será acompanhado por um apelo de unidade e audácia por parte do Presidente Emmanuel Macron.
Em declarações aos seus ministros, Bayrou afirmou que “há um caminho” a seguir, acrescentando que este está agora mais “bem definido” do que inicialmente se pensava. O primeiro-ministro, de 73 anos e líder centrista, fixou o ano de 2025 como o ponto de viragem para um período de “reconciliação, ação e estabilidade”, destacando a necessidade de superar os desafios políticos internos e alcançar um consenso nacional.
O Presidente Emmanuel Macron, por sua vez, reforçou o pedido de unidade e coragem, reiterando a sua preocupação com a instabilidade que afeta as democracias modernas. Durante a reunião, Macron alertou ainda para o risco de “golpes políticos” que, segundo ele, poderiam colocar o país em perigo. A porta-voz do Governo, Sophie Primas, transmitiu as palavras do Presidente, que sublinhou a urgência de se ultrapassar as divisões internas e assegurar a estabilidade política.
O Governo de François Bayrou surge no contexto de um ciclo político turbulento. Em 2024, a França já teve quatro primeiros-ministros, com a anterior administração liderada por Michel Barnier a cair após apenas três meses, em meio a uma aliança de deputados de esquerda e extrema-direita que derrubou o executivo. Este ciclo de instabilidade, que não tem paralelo nas últimas décadas, é consequência da falta de uma maioria absoluta no parlamento francês, onde a Assembleia Nacional se encontra dividida em três blocos principais: a esquerda, os macronistas e a extrema-direita da União Nacional.
O principal desafio do novo governo será conseguir a aprovação do orçamento do Estado para 2025 na Assembleia Nacional, numa altura em que a oposição e os mercados financeiros pressionam por um alinhamento de políticas fiscais rigorosas. A França, que apresenta um défice elevado de 6,2% do PIB, continua a ser uma das nações da União Europeia com o pior desempenho neste indicador, apenas superada pela Roménia. Bayrou terá estabelecido uma meta de défice de 5,4% para este ano, uma tentativa de redução gradual que visa recuperar a confiança interna e externa no sistema financeiro do país.
Em 14 de janeiro, François Bayrou fará a sua primeira apresentação de política geral, onde deverá aprofundar as suas propostas para o futuro económico e político da França. A esperança é que, com esta nova liderança, o país consiga encontrar a estabilidade que tanto necessita e superar a crise política que afeta a governança no presente.