A Direção do Rádio Clube de Angra (RCA), na ilha Terceira, Açores, anunciou que irá propor a extinção da associação na próxima Assembleia Geral, marcada para o final de janeiro ou início de fevereiro de 2025. A decisão surge face à grave situação financeira da instituição, que, após 78 anos de existência, enfrenta dificuldades insustentáveis para honrar compromissos financeiros, nomeadamente os salários dos seus quatro funcionários.
A proposta de dissolução da associação foi formalizada através de um comunicado enviado esta sexta-feira, onde a direção liderada por Pedro Ferreira explica que a principal razão para a extinção é a impossibilidade de pagar os vencimentos dos colaboradores, uma vez que os recursos da instituição estão a ser progressivamente consumidos pelos elevados custos fixos e pela escassez de receitas. A direção admite que, caso o apoio extraordinário aprovado pelo Governo Regional dos Açores não seja recebido com urgência, não restará alternativa a não ser avançar com a dissolução.
A situação financeira do RCA tem vindo a deteriorar-se ao longo dos últimos anos, com a direção a alertar já em fevereiro de 2024 para as dificuldades enfrentadas pela associação. Na altura, foi solicitado aos associados uma reflexão sobre o possível encerramento da estação, um pedido que, segundo o comunicado, não encontrou grande ressonância, com uma participação muito reduzida na Assembleia Geral, representando menos de uma dezena de associados de um total de 451.
Entre os principais problemas apontados pela direção estão o aumento dos custos operacionais, como a manutenção das infraestruturas e o pagamento das taxas de direitos conexos, assim como a queda nas receitas provenientes de contratos de publicidade comercial, que são a principal fonte de financiamento da estação. A direção também critica a falta de apoio público eficaz, alegando que os apoios do Governo Regional, como o programa PROMEDIA destinado ao apoio à comunicação social privada, têm sido escassos e demorados. Em 2024, a associação não recebeu os pagamentos devidos, o que agrava ainda mais a situação.
Além das dificuldades financeiras, a direção do RCA aponta para a crescente falta de envolvimento da comunidade local. A falta de colaboradores e a apatia dos associados têm sido fatores agravantes para a sobrevivência da instituição. Apesar dos esforços da direção em organizar eventos e promover campanhas de angariação de fundos, a rádio enfrenta uma realidade insustentável, onde não há dinheiro sequer para pagar os ordenados dos seus funcionários.
Na Assembleia Geral de 2025, serão realizadas eleições para os órgãos sociais da instituição, e a atual direção pretende incluir na ordem de trabalhos a proposta de extinção do Rádio Clube de Angra. A direção lamenta que a instituição já não seja vista como essencial para a comunidade terceirense e açoriana, frisando que a extinção da associação será uma forma de evitar o agravamento da situação, nomeadamente a acumulação de dívidas e a impossibilidade de cumprir com as suas obrigações financeiras.
Em face deste quadro desolador, o Rádio Clube de Angra parece estar à beira do fim, com a direção a afirmar que a dissolução será a solução para evitar que a associação entre em espiral de insolvência e prejuízos irreversíveis.