Candidato presidencial realça papel dos imigrantes da CPLP e alerta para riscos da má integração na sociedade portuguesa
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo afirmou esta terça-feira, durante uma visita oficial ao Brasil, que Portugal tem uma “dívida de gratidão” para com o povo brasileiro, apelando a um tratamento digno e justo dos imigrantes do Brasil em território nacional. O antigo Chefe do Estado-Maior da Armada considera que, tal como os portugueses foram sempre bem acolhidos no Brasil, também os cidadãos brasileiros devem ser respeitados e integrados em Portugal.
“Este país foi criado por portugueses e por muitos outros estrangeiros. Os portugueses foram sempre bem recebidos no Brasil e isso não pode ser esquecido. Existe uma dívida de gratidão que devemos reconhecer”, afirmou à agência Lusa, durante a sua deslocação ao Rio de Janeiro e São Paulo, onde tem mantido encontros com a comunidade portuguesa.
Gouveia e Melo, que viveu quatro anos em São Paulo durante a adolescência e mantém ligações familiares à cidade, sublinhou que os brasileiros em Portugal merecem ser acolhidos com o mesmo espírito de hospitalidade. “A comunidade brasileira preocupa-se com a forma como é recebida em Portugal. Mesmo não sofrendo directamente, nota-se uma preocupação legítima com o tratamento dado aos seus compatriotas”, declarou.
Durante os vários encontros com a comunidade luso-brasileira, o candidato ouviu com atenção as inquietações relativas à nova lei da imigração e ao impacto que esta poderá vir a ter. Procurou tranquilizar os presentes, sublinhando que as maiores dificuldades de integração surgem quando há um afastamento cultural significativo entre migrantes e população local — algo que não acontece com os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Os migrantes da CPLP têm, à partida, todas as condições para se integrarem com sucesso, pela língua e pela herança cultural comum. Além disso, tratam-se de pessoas moderadas, pacíficas, que desejam apenas construir uma vida digna, tal como os portugueses fizeram durante séculos no Brasil”, afirmou Gouveia e Melo.
O candidato alertou ainda para os perigos da má integração, defendendo que o acolhimento dos imigrantes deve ser feito com responsabilidade e visão de futuro. “Se a imigração for mal integrada, gera fenómenos de autoexclusão que, por sua vez, provocam a exclusão por parte da sociedade. Esse ciclo leva à polarização social e mina o processo democrático, alimentando discursos extremistas que exploram o medo e a desconfiança”, alertou.
Gouveia e Melo reforçou a ideia de que a imigração, quando bem gerida, representa uma mais-valia para o país. “Quando integrada de forma equilibrada, é um factor de desenvolvimento e de enriquecimento cultural. A diversidade não pode ser vista como uma ameaça, mas como uma oportunidade”, acrescentou.
Durante a visita oficial ao Brasil, que se iniciou no sábado, Gouveia e Melo participou em várias iniciativas junto da comunidade portuguesa. No Rio de Janeiro, esteve no Mercado Municipal, visitou o Clube de Regatas Vasco da Gama, participou no jantar comemorativo dos 114 anos da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria, e esteve no Real Gabinete Português de Leitura.
Já em São Paulo, o candidato visitou a Escola Estadual Caetano Campos e participou num encontro com a comunidade portuguesa na Casa de Portugal, reforçando o seu compromisso com os laços históricos e culturais que unem Portugal ao Brasil e ao mundo lusófono.