Governo finaliza aquisição total da Lusa nas próximas semanas e promete reforço da independência editorial
O Governo anunciou esta quinta-feira que a aquisição da totalidade do capital da agência noticiosa Lusa será concluída nas próximas semanas. A garantia foi dada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante uma visita à sede da agência, em Lisboa, onde se reuniu com o Conselho de Administração, Direção de Informação e trabalhadores.
A operação de compra das participações da Global Media Group (23,36%) e da Páginas Civilizadas (22,35%) ficou desbloqueada após a saída do World Opportunity Fund (WOF) da estrutura acionista. Com este passo, o Estado português avança para a aquisição da totalidade do capital da Lusa, assumindo o controlo completo da agência.
O ministro sublinhou que esta decisão representa um sinal claro de confiança do Governo no serviço público prestado pela Lusa, destacando que a agência não estará ao serviço do Executivo, mas sim da verdade e do interesse público.
“Queremos reforçar o papel do Estado no combate à desinformação, mas sempre com respeito pela independência editorial e pela autonomia da Lusa”, afirmou Leitão Amaro.
Apesar do avanço na aquisição, o novo modelo de governação da agência continua em discussão. Leitão Amaro deixou claro que nada está decidido e que se irá procurar a solução mais adequada, rejeitando uma simples transposição de modelos de outras instituições.
“Temos de encontrar a forma certa para a Lusa. Essa será uma discussão a realizar ao longo deste ano”, declarou o ministro.
Joaquim Carreira, presidente do Conselho de Administração da Lusa, tem defendido um modelo semelhante ao da RTP, com uma separação clara de poderes e um Conselho de Supervisão que assegure a estabilidade editorial e financeira, assim como a autonomia de gestão.
No âmbito do plano de ação do Governo para o setor da comunicação social, está prevista uma injeção adicional de financiamento na Lusa, que será refletida no próximo Orçamento do Estado. Os fundos destinam-se à modernização tecnológica, ao reforço de recursos humanos e ao combate ao “deserto noticioso” em várias zonas do território nacional.
A aquisição de outras participações minoritárias, detidas por entidades como a NP – Notícias de Portugal, Público, RTP e Empresa do Diário do Minho, também está em curso.
Questionado pelos trabalhadores sobre o possível conflito entre o papel da Lusa e os mecanismos de verificação de factos criados pelo próprio Governo, o ministro assegurou que o Executivo não pretende substituir os jornalistas nesta tarefa.
“O Estado quer contribuir para o combate à desinformação, mas reconhece o papel central dos media nessa missão”, concluiu.
Esta aquisição representa um momento decisivo na história da Lusa, que passará a estar inteiramente sob controlo público, com a promessa de manter — e reforçar — os princípios de independência, transparência e rigor jornalístico.