As chamas consomem a histórica região de Hollywood, no sudoeste dos Estados Unidos, numa crise que já é considerada um dos piores desastres naturais da história recente da Califórnia. As autoridades ordenaram a evacuação imediata de moradores em diversos bairros, incluindo partes da icónica Hollywood Boulevard. “Ameaça imediata à vida. Esta é uma ordem legal. para sair agora. A área está legalmente fechada ao acesso público”, alertou o Corpo de Bombeiros de Los Angeles, ao divulgar mapas que destacam as zonas de perigo
A gravidade da situação levou o presidente Joe Biden a cancelar uma viagem oficial à Itália, prevista para esta quinta-feira, para concentrar-se na gestão da resposta federal às emergências em Los Angeles. “O presidente tomou a decisão de cancelar a próxima viagem para se focar na gestão da resposta geral nos próximos dias”, afirmou Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca.
Em declarações conjuntas com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, Biden destacou a gravidade da crise: “A situação em Los Angeles é altamente perigosa e está em rápida evolução”. A declaração de estado de emergência no condado de Los Angeles e a luz verde para recursos federais reforçaram os esforços para combater as chamas, que já causaram a morte de cinco pessoas e forçaram a evacuação de mais de 100 mil moradores.
Até agora, cerca de 1.500 residências foram destruídas e mais de 160 mil casas estão sem eletricidade por mais de 24 horas. Nuvens espessas de fumaça cobrem grandes áreas da cidade, com cinzas caindo a quilómetros das zonas afetadas. A má qualidade do ar forçou o encerramento de seis escolas, enquanto centros recreativos foram transformados em abrigos para os desabrigados.
Portugueses que residem em Los Angeles também foram impactados: alguns foram evacuados e buscaram abrigo com amigos, enquanto outros vivem em estado de alerta constante. Muitos pais decidiram não enviar os seus filhos às aulas devido aos riscos respiratórios.
Os ventos fortes, que atingem velocidades de até 160 km/h, dificultam o controle das chamas e tornam imprevisível o avanço dos incêndios. Bombeiros ainda não conseguiram conter nenhuma parte significativa dos focos de fogo, que são considerados os mais destrutivos da história da cidade.
Incêndios florestais têm se tornado cada vez mais frequentes na Califórnia devido a condições climáticas extremas. Os primeiros sinais desta temporada ocorreram em novembro, com pequenos focos em regiões periféricas de Los Angeles. A seca prolongada, combinada com altas temperaturas e ventos sazonais conhecidos como Santa Ana, criou as condições perfeitas para a propagação rápida do fogo.
Diversos estados vizinhos, como Nevada e Arizona, também enfrentam alertas de incêndio devido às condições climáticas similares, ampliando a crise para uma dimensão regional.
Os ventos registrados são os mais fortes desde 2011, e especialistas já apontam este incêndio como o mais devastador na história recente de Los Angeles. “Estamos a enfrentar um evento sem precedentes, que demanda a colaboração de todas as esferas do governo”, destacou o governador Newsom.
