O Governo da Aliança Democrática anunciou esta sexta que a versão preliminar do “ChatGPT português”, chamado “Amália”, estará concluída até ao final do mês de Março, conforme revelou um comunicado do Ministério da Educação, Ciência e Inovação. No entanto, a nova ferramenta de processamento de linguagem natural não será disponibilizada ao público geral, limitando-se aos parceiros de investigação que integram o consórcio responsável pelo projecto.
De acordo com o comunicado, o modelo, desenvolvido com um investimento de 5,5 milhões de euros, será inicialmente testado exclusivamente por centros de investigação seleccionados. “Esta versão não vai ser disponibilizada publicamente, vai ser testada pelos vários parceiros do projecto”, afirmou o investigador André Martins, do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, numa entrevista recolhida pelo Observador. A decisão contrasta com as expectativas originadas na resolução do Conselho de Ministros, que previa a partilha com o público na fase inicial do projecto.
Anunciado em Novembro durante a Web Summit por Luís Montenegro, ministro do executivo, o “ChatGPT português” integra um ambicioso plano do Governo para fomentar a inovação e a digitalização no sector público. O modelo de linguagem destina-se a receber e interpretar instruções em texto, distinguindo nuances e variantes da língua portuguesa. Embora o desenvolvimento esteja previsto para ser concluído num prazo de 18 meses, a estratégia actual define uma fase beta restrita, que permitiu aos investigadores testar e validar as funcionalidades sem que o acesso seja estendido a todos os utilizadores.
A decisão de limitar o acesso à versão beta tem suscitado debates entre os especialistas. Enquanto alguns defendem a necessidade de uma fase de testes rigorosos para assegurar a qualidade e a segurança da ferramenta, outros questionam a demora na disponibilização pública, que pode retardar o aproveitamento dos avanços tecnológicos no sector empresarial e educativo. Este enfoque cauteloso reflecte a preocupação em alinhar o desenvolvimento tecnológico com os padrões de fiabilidade e transparência exigidos pelos utilizadores e pela comunidade académica.
O impacto deste projecto ultrapassa os limites do sector tecnológico. A criação de um modelo de linguagem adaptado à variante portuguesa representa uma aposta estratégica na valorização dos recursos linguísticos nacionais, contribuindo para o reforço da identidade cultural e a competitividade da economia digital. Instituições de ensino e centros de investigação aguardam com expectativa os resultados dos testes, que poderão abrir caminho para futuras aplicações em áreas como a educação, a comunicação e a administração pública.
No contexto global de inteligência artificial, a iniciativa portuguesa insere-se num movimento internacional de investimento e inovação, onde a personalização dos modelos linguísticos para cada realidade cultural torna-se cada vez mais crucial. A colaboração entre o governo, o sector académico e o empresarial surge como um elemento determinante para a concretização de soluções que respondam às necessidades
locais, sem descurar as tendências mundiais. À medida que o projecto avança, a comunidade científica e os utilizadores estarão atentos às próximas fases, que poderão definir novos padrões na utilização de IA em língua portuguesa.