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Impacto do conflito Israel‑Irão em Portugal

Portugal mantém relações diplomáticas e cooperação económica intensas com Israel desde 1977, ao mesmo tempo que cultiva ligações discretas com o Irão. A actual escalada militar entre Telavive e Teerão pode influenciar estabilidade económica, diplomática e migratória no país.

A recente ofensiva militar entre Israel e o Irão, com ataques mútuos e retaliações regionais, tem gerado preocupação entre os aliados da União Europeia, incluindo Portugal, que permanece fora dos principais canais de mediação mas acompanha de perto os desenvolvimentos. A nível económico, a instabilidade no Médio Oriente poderá afectar os mercados energéticos e provocar um agravamento da inflação em Portugal, devido à pressão sobre os preços do petróleo e gás natural. No plano diplomático, Portugal, enquanto membro da União Europeia e da NATO, tem defendido o respeito pelo direito internacional e manifestado apoio a iniciativas europeias que visam restringir o comércio com os colonatos israelitas estabelecidos em territórios ocupados. Socialmente, apesar da reduzida dimensão das comunidades portuguesas na região, a escalada do conflito poderá gerar reacções de preocupação, particularmente entre descendentes sefarditas com ligações a Israel.

O agravamento do conflito entre Telavive e Teerão poderá influenciar as prioridades da política externa portuguesa, nomeadamente no seio da União Europeia. Questões como a segurança energética, a estabilidade no Médio Oriente e o respeito pelo direito internacional deverão ganhar relevo nas próximas decisões diplomáticas. Portugal, que reitera o seu compromisso com os princípios do multilateralismo e dos direitos humanos, poderá também reforçar o seu papel em fóruns internacionais e apoiar soluções diplomáticas que visem a contenção do conflito e a defesa da paz na região.

Relações diplomáticas

Portugal e Israel estabeleceram relações diplomáticas plenas em 12 de Maio de 1977, após a Revolução de 1974. As embaixadas em Lisboa e Telavive mantêm-se activas desde 1991 e há acordos que abrangem desde isenção de vistos (1994) a tratados de dupla tributação (2006). Com o Irão, existe igualmente presença diplomática bilateral permanente via embaixadas em Lisboa e Teerão, embora o relacionamento se mantenha menos visível e com menor intensidade política.

No plano económico, as relações entre Portugal e Israel são robustas, com um volume de trocas comerciais a rondar os 474 milhões de dólares em 2023, valor onde as importações portuguesas superam as exportações. Empresas israelitas de tecnologia e cibersegurança têm investido em Portugal, nomeadamente em sectores como a inovação digital e a investigação científica ligada aos oceanos. Em contraste, as relações comerciais com o Irão permanecem modestas, tendo atingido cerca de 22 milhões de dólares em 2019. O comércio com Teerão assenta sobretudo na exportação de produtos agrícolas, metais, maquinaria e produtos químicos, tendo Portugal registado nesse ano um excedente de cinco milhões de dólares.

A comunidade portuguesa residente em Israel é reduzida, com estimativas não oficiais a apontarem para uma presença discreta, ainda que culturalmente significativa, sobretudo no contexto da diáspora sefardita com origens históricas em Portugal. No Irão, a emigração portuguesa é praticamente inexistente, não havendo registos estatísticos relevantes. Segundo os dados mais recentes, cerca de dois milhões de portugueses residiam fora do país em 2021, mas as estatísticas não discriminam com detalhe os residentes em Israel ou no Irão.

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