O Turismo Rural Interior Portugal regista um aumento de investimento significativo desde 2023, visando o potencial inexplorado dos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre. Estes territórios, abrangendo a Beira Baixa e o Alto Alentejo, assistem à captação de novos apoios públicos e privados para a valorização de recursos únicos e a fixação de populações. As estratégias focam-se na diversificação da oferta e no combate às lacunas de acessibilidade e infra-estruturas, cruciais para atrair e reter visitantes nacionais e estrangeiros.
Recursos Únicos Alavancam a Procura
Os distritos em foco possuem um conjunto de activos turísticos diferenciadores, longe do turismo de massas do litoral. Castelo Branco, por exemplo, destaca-se pelo seu valioso Bordado, Património Imaterial, o emblemático Jardim do Paço Episcopal, e as formações geológicas únicas das Portas de Ródão no Tejo Internacional. Na Guarda, o contraste serrano da Serra da Estrela (partilhada com Castelo Branco) com as Aldeias Históricas (como Almeida ou Castelo Rodrigo) é um forte chamariz, complementado por um rico património militar e literário.
Portalegre, no Alto Alentejo, oferece a tranquilidade da Serra de São Mamede, com percursos de birdwatching e trilhos pedestres, e um património cultural com destaque para a Coudelaria de Alter e a tradição da Tapeçaria de Portalegre. Estes recursos, integrados em rotas temáticas como o Enoturismo, Turismo Militar ou o Ecoturismo, são o pilar da nova estratégia de qualificação da oferta, fundamental para o Turismo Rural Interior Portugal.
Aumento de Investimento e Financiamento
Entre 2023 e 2025, o sector do Turismo Rural nas regiões de baixa densidade, onde se inserem Castelo Branco, Guarda e Portalegre, tem sido uma prioridade nas políticas de desenvolvimento regional. Programas como o Portugal 2030, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Programa de Apoio Crescer com o Turismo (que revogou a Linha +Interior Turismo em 2025) têm canalizado avultados fundos. Estima-se um aumento nos montantes de financiamento, com taxas a fundo perdido que chegam a oitenta por cento do investimento elegível em territórios do interior.
Estes apoios cobrem a criação ou modernização de alojamentos, a reabilitação de casas típicas, a instalação de infra-estruturas de ecoturismo e a valorização de produtos locais. O foco na eficiência energética e na transição verde confere majorações, reflectindo uma aposta num turismo sustentável. Este apoio visa, em grande medida, projectos que reforcem a competitividade turística territorial, através da inovação social e da qualificação da oferta.
O Interesse Estratégico do Turismo Rural
O investimento no Turismo Rural Interior Portugal justifica-se por razões económicas, financeiras e fiscais.
A nível económico, o turismo rural é um motor de desenvolvimento local, diversificando a actividade económica, valorizando produtos endógenos (gastronomia, artesanato, vinhos) e criando empregos nas comunidades, combatendo o envelhecimento e a desertificação. Aposta-se na diversificação do Produto Interno Bruto (PIB) regional.
No plano financeiro, os apoios a fundo perdido e as linhas de crédito facilitadas, como a Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, minimizam o risco para os investidores. O Turismo de Portugal, em parceria com o sistema bancário, oferece financiamentos a médio e longo prazo, com condições vantajosas para pequenas e médias empresas (PME) do sector.
Em termos fiscais, a localização em territórios do interior confere benefícios adicionais, como créditos fiscais e incentivos à empregabilidade, que tornam os projectos de turismo rural mais atractivos e rentáveis para os empresários, incluindo os jovens empresários que procurem instalar-se nestas regiões.
Apoios e Incentivos Disponíveis
Os empresários, em particular os jovens, e as PME do sector podem recorrer a um conjunto de instrumentos do Estado e das Regiões de Turismo.
● Portugal 2030 / FEDER: Apoio à inovação e competitividade das PME e investimentos produtivos.
● PEPAC (Política Agrícola Comum): Financiamento para a diversificação da actividade agrícola, incluindo o turismo em meio rural (por exemplo, através do LEADER).
● Programa de Apoio Crescer com o Turismo: Foco no desenvolvimento sustentável e na qualificação da oferta, com apoio a fundo perdido (taxa base de sessenta por cento, com bónus para baixa densidade).
As Comunidades Intermunicipais, como a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) e a da Beira Baixa, promovem ainda acções de formação e estratégias de promoção integrada, como a presença em feiras internacionais, para qualificar os recursos humanos e atrair fluxo turístico para as regiões.
Desafios a Superar na Beira Baixa e Alto Alentejo
Para que o Turismo Rural Interior Portugal alcance o seu pleno potencial nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre, é crucial superar desafios estruturais. A acessibilidade e as infra-estruturas continuam a ser as maiores necessidades.
A fraca rede de transportes públicos inter-regionais e intra-regionais dificulta a mobilidade do turista sem viatura própria. A falta de banda larga de alta velocidade em algumas aldeias rurais, embora em progressiva melhoria, limita a digitalização da oferta e a capacidade de reserva online, essencial para o perfil do turista actual.
A sazonalidade e a necessidade de qualificação e especialização do serviço são outros pontos fracos. É fundamental criar eventos e experiências que atraiam visitantes ao longo de todo o ano e garantir que os prestadores de serviço local dominam as línguas estrangeiras mais relevantes e as ferramentas de marketing digital. A superação destes obstáculos, aliada à captação de investimento, posicionará a Beira Baixa e o Alto Alentejo como destinos de eleição no panorama do turismo sustentável europeu.
