O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, excluiu esta terça-feira o envio de tropas norte-americanas para a Faixa de Gaza, reafirmando o papel dos EUA como principal mediador diplomático no processo de paz, mas sem impor prazos nem ultimatos ao Hamas relativamente ao seu desarmamento.
Em conferência de imprensa realizada no início de uma visita oficial a Israel, Vance sublinhou que a contribuição dos EUA se deve centrar numa “coordenação útil”, inserida no plano internacional para pôr termo às hostilidades no enclave palestiniano. A presença militar norte-americana no terreno foi, assim, descartada como hipótese.
“Como se consegue a presença dos Estados do Golfo, além de Israel, além dos turcos e dos indonésios? Como se faz para que estas pessoas trabalhem em conjunto para alcançar uma paz duradoura? Os únicos mediadores são os Estados Unidos”, afirmou Vance durante a visita ao Centro de Coordenação Civil-Militar, situado no sul de Israel.
As declarações de Vance surgem numa altura em que se cumpre o 11.º dia de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no quadro de um plano proposto por Washington e apoiado por mediadores internacionais como o Egito, o Qatar e vários países árabes. A primeira fase do acordo inclui a libertação de reféns por parte do Hamas, a troca por prisioneiros palestinianos detidos por Israel, uma retirada parcial das forças israelitas e a entrada de ajuda humanitária no território.
A segunda fase do plano, ainda em negociação, prevê a continuação da retirada israelita da Faixa de Gaza e o eventual desarmamento do Hamas. No entanto, o grupo palestiniano continua a resistir à desmilitarização, criando impasses nas conversações.
Apesar das expectativas internacionais, o vice-presidente norte-americano recusou fixar um prazo concreto para o desarmamento do Hamas e descartou a imposição de um ultimato por parte dos EUA.
“O Hamas deve cumprir o acordo, e, se o Hamas não o cumprir, coisas muito más vão acontecer. Mas não farei o que o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] se recusou a fazer até agora, que é estabelecer um prazo explícito, porque estas coisas são difíceis”, declarou Vance, reconhecendo a complexidade do processo negocial.
A visita do vice-presidente ocorre num contexto de forte pressão internacional para alcançar uma solução duradoura e estável para o conflito israelo-palestiniano. Ao posicionar os Estados Unidos como peça central da diplomacia, Vance procura reforçar a liderança norte-americana sem se envolver diretamente em operações militares no terreno.