João Filipe Goulão, Presidente da Junta de Freguesia de São Vicente da Beira: “Com força de vontade e apoio da população, conseguimos transformar a nossa freguesia”

João Filipe Goulão, de 46 anos, é o atual presidente da Junta de Freguesia de São Vicente da Beira, cargo que assumiu após concorrer pelo movimento independente SEMPRE nas eleições autárquicas de 2021. Em entrevista ao jornal ORegiões, Goulão partilhou detalhes sobre o seu primeiro mandato à frente da junta e as diversas obras realizadas, apesar das limitações orçamentais e da falta de apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco, liderada por Leopoldo Rodrigues.

As recentes notícias polémicas de uma denúncia com a população dos Pereiros pelo o jornal ORegiões envolvendo-o e a atuação da Câmara Municipal de Castelo Branco e o contraditório do próprio presidente da junta foram também abordadas, proporcionando uma visão mais clara da realidade local.

“No dia 7 de fevereiro após terem saído noticias no ORegiões referente à atuação da minha pessoa, tive uma reunião de esclarecimento na anexa dos Pereiros onde compareceram cerca de dez pessoas, que assinaram uma ata e manifestaram o apoio a mim enquanto presidente da junta de freguesia de São Vicente da Beira”.

Goulão, que antes de ser presidente já tinha uma empresa com armazém de rações, farinhas e materiais para a agricultura, tem uma ligação próxima à comunidade. “Tenho uma casa aberta a toda a gente e a população que já comprava antes de ser presidente continua a ir lá comprar. Tenho uma proximidade muito grande com os problemas das populações e com as pessoas da nossa comunidade”, afirma. Essa proximidade tem sido essencial no seu trabalho enquanto presidente, algo que ele considera uma responsabilidade acrescida.

Obras realizadas no primeiro mandato

Durante o seu primeiro mandato, Goulão implementou várias obras e melhorias na freguesia. Na sede da freguesia, destaca a construção do baloiço de cabeça de mastro no cimo da serra e a intervenção na Casa do Povo, no Posto Médico e o Espaço Cidadão, o Multibanco onde a Junta de Freguesia teve um papel fundamental, embora a Câmara Municipal tenha financiado a obra apenas dois anos depois. Também foi realizado o projeto do novo parque de merendas da Passadora e a construção da escada da Devesa, uma obra muito aguardada pela população, mas que nunca tinha sido concretizada em mandatos anteriores.

Além disso, Goulão salienta a instalação de uma proteção na zona da Oiriena, para evitar acidentes com pessoas que se aproximam de áreas perigosas. A requalificação de várias ruas da freguesia e a instalação do carregador de carros elétricos estão entre as iniciativas mais recentes em fase de conclusão. Na zona rural, a Junta disponibilizou uma carrinha para transportar os habitantes das aldeias mais afastadas até à sede da freguesia, facilitando o acesso a serviços como o comércio local, o Posto Médico, o Multibanco, Espaço Cidadão e os CTT.

“Temos também trabalhado na requalificação de várias casas do Povo, incluindo as da sede da freguesia e do Casal da Serra. Além disso, fizemos intervenções em igrejas, fontes, muros e alguns caminhos públicos”, acrescenta Goulão, que se orgulha das obras já realizadas, mesmo com um orçamento limitado de apenas 130.000 euros anuais, mas sabemos que ainda há muito mais para fazer com algumas burocracias e pedidos como é de lei.

A falta de apoio da Câmara Municipal

O presidente da Junta não hesita em criticar a atuação da Câmara Municipal de Castelo Branco e do seu presidente, Leopoldo Rodrigues, do Partido Socialista. Para Goulão, a falta de colaboração da Câmara e o escasso apoio à freguesia são questões que têm dificultado o seu trabalho. “As poucas obras realizadas pela Câmara na nossa freguesia têm sido uma constante surpresa. Lamentamos profundamente essa atitude, que considero uma falta de respeito”, sublinha. Goulão questiona ainda se existe uma “Junta de Freguesia paralela” à sua, dada a falta de comunicação e apoio da Câmara Municipal.

Uma das principais críticas de Goulão é a falta de apoio por parte da Câmara Municipal de Castelo Branco, liderada pelo PS. O presidente da Junta afirma que a Câmara raramente responde aos pedidos da sua junta e acusa a Câmara de discriminar freguesias da oposição. “O Presidente da Câmara só apoia quem é da mesma cor política. Nós somos da oposição e temos sentido uma grande relutância em receber apoio”, lamenta Goulão. Para ele, é essencial que a Câmara apoie todas as freguesias, independentemente da cor política, para que o concelho cresça de forma equilibrada e sustentável.

Apesar dessa frustração, Goulão afirma que a Junta de Freguesia tem conseguido concretizar obras e melhorar a qualidade de vida das pessoas com o orçamento disponível, graças ao empenho e ao apoio da população. “Fazer omeletes sem ovos é difícil, mas com força de vontade e colaboração da comunidade, conseguimos avançar com muitos projetos”, afirma com convicção.

Projetos para o futuro

João Filipe Goulão também já tem planos para o futuro. “Para além de continuar a melhorar a sede e as anexas da freguesia, temos um projeto para requalificar a antiga casa dos escuteiros, transformando-a num alojamento social com oito quartos, uma cozinha e uma sala, para quem queira ficar temporariamente na nossa freguesia, seja por motivos de lazer ou de trabalho”, revela. Este projeto, segundo o presidente da Junta, visa atrair mais visitantes à freguesia e contribuir para o desenvolvimento local.

Em apenas um mandato, João Filipe Goulão conseguiu implementar várias melhorias em São Vicente da Beira, com um orçamento restrito, mas sempre com o apoio da população. Apesar das dificuldades em obter apoio da Câmara Municipal, Goulão mantém-se firme no seu propósito de trabalhar em prol da comunidade, e continua a construir um futuro melhor para a freguesia.

“Tenho muito respeito por toda a gente da nossa freguesia. Eles sabem que podem contar comigo, e é isso que me motiva a continuar a trabalhar com dedicação, sem me deixar abater por adversidades”, conclui o presidente da Junta de Freguesia de São Vicente da Beira.