Terça-feira,Dezembro 3, 2024
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Castelo Branco

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Jovens, alguns olhos faiscavam de alegria…

Castelo Branco deixou saudades. Porque tudo foi diferente e bonito, ficaram as memórias do coração, as saudades. Daqui, não consigo ver se tu estavas ou se faltaste por opção ou por o convite te passar ao lado. Não importa, nós continuaremos a propor! Para o ano há mais!

Se todo o ser humano sente dentro de si a sedução da mentira, a sede do poder e a ganância do ter, há que ter a coragem de remar contra a maré. Esse arsenal de armas escondidas no paiol do coração podem atingir e até destruir quem as guarda e faz valer. A liberdade interior de cada um, a dignidade e a verdade de si próprio são valores a defender e a promover, sem tréguas nem adiamento. Nesta peleja interior que deve ser enfrentada com esperança na vitória, há muitos aliados a oferecerem colaboração, ninguém precisa de lutar sozinho. Desde que se queira, há sempre cireneus que estendem a mão e dão um ombrinho para ajudar a vencer. Também não faltam a presença e a pedagogia divinas que, com os seus jeitos e graça, cultivam o terreno que se é, aperfeiçoam o que se faz, amadurecem a pessoa. Há caminhos que a Palavra de Deus, a Igreja, e outros, propõem por bem, com alegria e confiança em ti.

Depois de nesta época teres sido desafiado a te envolveres na tua comunidade paroquial, depois duma Quaresma vivida, com certeza através de opções contracorrente, vinte e nove jovens da Diocese, dos arciprestados de Abrantes, Castelo Branco, Ponte de Sor, Portalegre e Sertã, jovens de entre vós do ensino secundário e superior, quiseram fazer uma experiência diferente nesta Páscoa. Abraçaram novos desafios, decidindo viver e celebrar o Tríduo Pascal com o Bispo diocesano.

Há iniciativas que se estranham, mas logo se entranham, derrubando barreiras e congregando sinergias para que aconteçam. Quando se tornam uma mais-valia, quando apontam caminhos para despertar e formar na fé, deixam saudades. Foi o caso, foram bonitos e felizes estes dias. Não houve momentos mortos, nem aborrecidos, houve alegria e bem-estar. Havia um programa sujeito a um imaginário, feito surpresa no início de cada dia. A participação nas celebrações do Tríduo Pascal, incluindo a oração de Laudes com os salmos cantados, foi um ponto de honra a cumprir por todos todos os dias. Com acordo de cavalheiros, os telemóveis deixaram-se dormir, raramente foram usados. Alguém referiu: “Não mexo no telemóvel porque quero aproveitar uma oportunidade que nunca tive”. Todos os momentos das celebrações eram explicados, em reunião, antes de acontecerem, para que fossem entendidos e a participação fosse mais bem vivida.

Muitos, nas suas comunidades paroquiais, nunca tinham participado nas cerimónias do Tríduo Pascal, nem sabiam que isso existia. Ao jantar de Quinta-Feira Santa, fez-se uma imitação do que seria a celebração da Ceia Judaica, com leituras bíblicas referentes à celebração, com o pão ázimo, as ervas amargas, o ‘cordeiro’, o que ajudou a criar um saudável ambiente Pascal. Pela noite dentro, todos participaram na adoração ao Santíssimo Sacramento, em verdadeiro espírito de fé e oração, em comunhão com a comunidade cristã local e toda a Igreja.

No dia seguinte, a curta-metragem “O Circo das Borboletas”, que trata dos sonhos de um homem que nasceu com os membros atrofiados, sem pernas nem braços, alimentou o debate. Essa pessoa nunca desistiu de sonhar, superou desafios, desenvolveu talentos, conseguiu ir sempre mais além, com a admiração de todos, sobretudo, de quem não acreditava nele e lhe queria matar os sonhos. Este assunto deu origem a um bate-papo orientado por uma Psicóloga que quis colaborar neste encontro com os jovens, proporcionando-lhes uma atividade com materiais frágeis, para levar a refletir sobre as debilidades invisíveis de cada um, com a respetiva necessidade de as saber integrar, continuando a sonhar, com respeito por todos, sem exceção, tal como são. Amar, não excluir e integrar, é de gente adulta e bem formada.

Após isso, e dentro do previsto, teve lugar uma reflexão sobre a ‘loucura da Cruz’. A Via Sacra de Sieger Koder serviu de pretexto. Nas suas pinturas expressionistas com impacto emocional, o autor comunica o conteúdo e o significado da história que ali nos mantinha: o amor incondicional de Deus pelo Homem, o amor incondicional de Jesus, que, sendo Deus e homem, deu a vida por todos. Feita a explicação, cada um, individualmente, foi convidado a refletir sobre uma determinada estação dessa Via Sacra, tirada à sorte. A celebração da adoração da Cruz, na Sé, a todos tocou imensamente, bem como a oração ao jeito de Taizé, que, posteriormente, teve lugar noutra igreja da cidade, sendo valorizada com a preparação e uma proposta de ‘exame de consciência’, dando oportunidade a quem, livremente, quisesse celebrar o Sacramento da Reconciliação.

Alguns nunca pensaram celebrar o Sacramento da Reconciliação nesta Páscoa, nem tinham pensado nisso. Mas perceberam como foi bom celebrá-la, e quanto precisavam desse encontro para que, Deus rico em misericórdia, fizesse festa com cada um deles. Sem momentos mortos e aceitando viver o jejum e a abstinência de Sexta-Feira Santa, participaram ainda na Via-Sacra que teve lugar na igreja da Misericórdia, em substituição da Procissão prevista mas que a chuva não deixou sair. Houve silêncio, houve interiorização do que se celebrava, houve voluntariado, houve ambiente familiar, houve reunião com o Bispo sobre questões que lhe quiseram colocar, houve alegria, houve ambiente eclesial, houve seriedade, houve avaliação destes dias. A pressa e o entusiasmo com que os cristãos da primeira hora correram a anunciar o Senhor ressuscitado fez com que a Vigília Pascal fosse sentida como um verdadeiro envio missionário, com a pressa no ar!

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Todos agradeceram estes dias em que eles mesmos foram os protagonistas, propondo e dinamizando tudo quanto aconteceu. Mesmo que sentissem atrás de si o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional, o Pároco e a Comunidade cristã da Paróquia da Sé de Castelo Branco, a forma como tudo foi proposto, o terem sido os jovens a dinamizar e a envolver a todos, foi uma experiência a não descartar. O que mais surpreendeu a todos – e até doeu! -, foi saber que, muitos jovens nem sequer foram informados desta iniciativa. Paciência!

Obrigado, jovens, pela vossa alegria e feliz presença.

Obrigado a todos quantos colaboraram para que isto acontecesse.

Bem hajam!

Antonino Dias

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“É a logica que faz prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado, lógica de quem se opõe à violência dos que se servem da riqueza e do poder, da injustiça e da indiferença para humilhar e explorar os outros”, disse D. Antonino Dias - 22/11/2019".

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