Num Estado democrático, o direito à liberdade de informar e a ser informado deveria ser uma garantia inalienável, ao alcance de todos, desde jornalistas a leitores. Contudo, a realidade, especialmente em regiões como a Beira Baixa, demonstra que esta liberdade está longe de ser plena. Sobretudo em Castelo Branco, onde décadas de domínio político pelo Partido Socialista moldaram uma cultura de poder centralizado, assistimos à tentativa contínua de controlar a informação e de silenciar vozes dissonantes.
O fenómeno é particularmente notório quando o poder político local age como se a democracia fosse uma mera formalidade, relegando a pluralidade de opinião para segundo plano. Nesta zona, criou-se um grupo de indivíduos que, pela sua própria formação ou falta dela, operam segundo uma lógica ultrapassada, alheia ao progresso e à evolução ideológica que se esperaria após décadas de governação democrática.
Para ilustrar o quão retrógrada esta situação se tornou, é interessante recordar a minha vivência com contexto de Macau nos anos 90, antes da transferência de soberania para a República Popular da China. Na altura, sob o regime político maoísta, a China era um exemplo clássico de restrição de liberdades. No entanto, mesmo num sistema comunista rígido, o país experimentou uma evolução significativa em termos económicos e, paradoxalmente, um certo alívio nas amarras sociais, pelo menos quando comparado com as práticas do passado. O contraste é gritante quando olhamos para a Beira Baixa, onde certos caciques locais se recusam a evoluir, preferindo manter a política num pântano de artimanhas, intimidação e vingança.
O caso específico de Castelo Branco é particularmente preocupante. Aqui, o jornal “O Regiões”, conhecido pela sua voz crítica e independente, tem sido alvo de desprezo e discriminação por parte do poder local. Este comportamento não é apenas um ataque a um órgão de comunicação social, mas sim uma tentativa de condicionar a própria liberdade de expressão. O “ditadorzito” que governa com mão de ferro ignora os princípios básicos da democracia, agindo como se a informação só fosse válida quando alinhada com os seus interesses, ainda que estes sejam fabricados e distorcidos.
Este clima de repressão e censura lembra os métodos kafkianos de regimes autoritários, onde a lógica e a justiça são subvertidas por um poder caprichoso e vingativo. Contudo, ao contrário dos grandes regimes do passado, os atuais detentores deste poder não passam de sombras do que foram, incapazes de manter o controlo ou de instilar verdadeiro medo. O seu declínio é evidente, à medida que se afastam cada vez mais do próprio centro do poder que outrora dominaram. O seu tempo passou, mas na sua cegueira, ainda não se aperceberam disso.
A situação na Beira Baixa é, portanto, um exemplo perturbador de como a liberdade de informação pode ser sufocada por aqueles que, incapazes de aceitar a mudança, se agarram desesperadamente a um poder que lhes escapa por entre os dedos. A luta por uma imprensa livre e pela liberdade de expressão continua, mesmo em frente a inimigos que, apesar de já não serem temíveis, ainda têm a capacidade de causar dano. No entanto, como a história repetidamente demonstra, o progresso é inevitável, e o tempo destes “diabos” locais está prestes a acabar.