O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ficou “estarrecido” com o número de mortos resultante da megaoperação policial desencadeada na terça-feira, 28 de outubro, em dois complexos de favelas do Rio de Janeiro, dirigida contra o grupo criminoso Comando Vermelho
A informação foi confirmada esta quarta-feira pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que revelou a reação do chefe de Estado. “O Presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais e também se mostrou surpreso por uma operação desta envergadura ter sido desencadeada sem conhecimento do Governo Federal, sem qualquer possibilidade de o Governo participar de alguma forma”, afirmou o ministro em conferência de imprensa em Brasília.
Segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, o número de vítimas mortais aumentou para 132, após a descoberta de cerca de 60 corpos adicionais em áreas controladas por facções criminosas. A operação, considerada uma das mais letais da história recente do país, envolveu polícias militares e civis e foi lançada com o objetivo de desmantelar estruturas do Comando Vermelho.
Até ao momento, as autoridades estaduais justificaram a ação como uma resposta à escalada de violência e ao domínio armado de comunidades inteiras por grupos de tráfico. No entanto, organizações de direitos humanos e instituições públicas exigem transparência e responsabilização, questionando a proporcionalidade do uso da força e a ausência de coordenação com o Governo Federal.
Lula da Silva, que ainda não se pronunciou oficialmente, encontrava-se a regressar de uma visita oficial de uma semana à Ásia no momento em que a operação teve início. Fontes próximas da Presidência indicam que o tema deverá dominar as próximas reuniões do Executivo, com o Palácio do Planalto a solicitar relatórios detalhados às forças de segurança e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.
A magnitude da operação e o elevado número de mortos provocaram forte repercussão nacional e internacional, com diversas entidades a classificarem o episódio como um massacre. O Conselho Nacional de Direitos Humanos já anunciou a abertura de uma investigação independente.
Este é mais um capítulo na longa e complexa história da violência urbana no Rio de Janeiro, onde sucessivas operações policiais têm deixado um rasto de vítimas civis, levantando dúvidas sobre a eficácia das políticas de segurança pública e o respeito pelos direitos fundamentais.








