O Governo vai avançar com uma revisão do modelo de policiamento de proximidade da Polícia de Segurança Pública (PSP), anunciou a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, durante o congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que decorreu este fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa. A ministra sublinhou a importância do policiamento de proximidade no fortalecimento da confiança das comunidades nas forças de segurança e prometeu um aumento de investimento nesta área.
“É fundamental que o cidadão confie na sua polícia, e o Governo confia na polícia,” afirmou Blasco, destacando que o programa de policiamento de proximidade da PSP, com anos de existência, necessita de uma atualização para responder aos desafios atuais. A ministra explicou que o novo modelo passará por um diálogo estreito com as autarquias, segurança social e associações de bairro, prevendo ainda um reforço nos recursos humanos, com 500 novos agentes atualmente em formação.
Blasco garantiu que o Governo irá investir na formação e recrutamento de novos quadros, com a abertura de concursos para agentes, chefes e oficiais. A ministra assegurou que o Executivo mantém um diálogo constante com os sindicatos para revitalizar o policiamento de proximidade, essencial para uma segurança integrada.
A ministra detalhou igualmente o plano de modernização dos equipamentos da PSP, que incluirá a aquisição de bodycams, tasers e novas viaturas. No entanto, recordou que esses investimentos dependem de concursos públicos, um processo que considera “moroso, mas necessário para o cumprimento da lei”. Relativamente aos concursos para aquisição de bodycams, Blasco esclareceu que o processo sofreu atrasos devido a impugnações judiciais, estando o Governo a aguardar uma decisão final dos tribunais.
Sobre o recente caso de Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos baleado por um agente da PSP na Cova da Moura, Margarida Blasco manifestou a expectativa de que o inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) avance com conclusões em breve. Blasco condenou ainda os desacatos que surgiram na sequência deste incidente, recordando que um motorista da Carris ficou gravemente ferido após o autocarro onde seguia ter sido alvo de um cocktail-molotov.
A ministra reiterou que os tumultos da última semana, que incluíram a queima de autocarros e vandalização de viaturas e caixotes do lixo na Área Metropolitana de Lisboa, foram provocados por “indivíduos com intenções criminosas” e assegurou que as comunidades afetadas continuam a apoiar a PSP, reconhecendo o papel da polícia na sua segurança.
No que toca à relação entre a PSP e as comunidades de bairros como o Zambujal e a Cova da Moura, na Amadora, Blasco sublinhou que os residentes conhecem a polícia e que é errado generalizar a ideia de que estão contra os agentes.